Experiência do Hospital Moinhos de Vento no enfrentamento à pandemia é destaque internacional

Projeto voltado para a qualificação do SUS garantiu a redução em quase 50% do tempo de internação e de 20% da mortalidade em UTIs da rede pública atendidas pelo Tele UTI COVID. Foto: Monique Pimentel

Uma das publicações científicas mais prestigiadas do mundo, a New England Journal of Medicine publicou o artigo “Prontos para a pandemia de Covid-19: a experiência de um hospital brasileiro”. O material é um relato sobre como o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), se preparou para enfrentar a doença e as crises associadas. A criação do Comitê de Enfrentamento, a adaptação da estrutura para o aumento da demanda, a adoção de fluxos individualizados e seguros e a gestão dos prejuízos financeiros com a queda dos atendimentos eletivos foram fundamentais para obter resultados que se tornaram referência para outras instituições.

Os executivos do Hospital Moinhos de Vento lideraram o Comitê de Enfrentamento à Covid-19, e alguns especialistas chefes de serviços médicos assinam o artigo, que foi publicado pela Catalyst – revista da New England que apresenta inovações para acelerar a transformação na prestação de cuidados com a saúde. Eles destacam que muitas medidas foram bem mais restritivas do que as recomendadas pelo Ministério da Saúde. “Nós nos antecipamos e começamos a adotar ações antes de o Rio Grande do Sul registrar o primeiro caso. Fomos muito rigorosos para poder dar o melhor atendimento. Pensamos desde cedo na segurança dos pacientes, de seus familiares e dos nossos colaboradores. O resultado é que tivemos um índice baixo de mortalidade e não registramos superlotação, pois o hospital está com a estrutura adaptada para a demanda”, pontuou o Superintendente Executivo, Mohamed Parrini.

O dobro da capacidade com menos recursos

Diante de incertezas e do tempo curto para estimar quanto a demanda aumentaria e em qual momento, o hospital praticamente dobrou o número de leitos — transformando quartos privativos em compartilhados e o Centro Cirúrgico em Unidade de Terapia Intensiva. Equipes foram treinadas e 50 profissionais foram contratados. O plano prevê a contratação de mais 250 pessoas, conforme a necessidade. “Elaboramos um planejamento para adaptar orçamento, garantir insumos e contratar equipes. Até um laboratório para a testagem da Covid-19 foi construído em 30 dias. Tudo isso sem contar os investimentos em pesquisa para análise do vírus e tratamentos”, complementa o superintendente.

Telemedicina e acesso restrito

A telemedicina foi fundamental para executar o plano de ação. As restrições de visitas e acompanhantes no hospital e a suspensão de consultas e procedimentos eletivos também exigiu adaptação. Com a regulamentação da prática no Brasil, foi possível oferecer teleconsultas para colaboradores e pacientes. Além disso, o cart de telemedicina que ficou disponível no Centro de Terapia Intensiva teve a função de aproximar os familiares que não podiam acessar o local para ver o paciente e conversar com a equipe médica. Com a suspensão de visitas, celulares e tablets mantiveram pacientes em contato com a família.

Responsabilidade Social

O Hospital Moinhos de Vento participou do que provavelmente será o maior legado da pandemia para o estado. O Centro de Tratamento e Combate da Covid-19 ampliou o número de leitos pelo SUS e reforçou a rede pública em Porto Alegre. Construído em 30 dias, em parceria com as empresas Gerdau, Ipiranga e Grupo Zaffari, foi considerada a obra hospitalar mais rápida da história do Brasil.

Outro ponto de destaque na publicação foram as pesquisas do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS) que ampliaram a capacidade de testagem da rede pública de saúde e auxiliaram outras instituições no atendimento a pacientes com Covid-19. O projeto TeleUTI, por exemplo, conseguiu reduzir de 14 para 7 dias o tempo médio de internação, além de diminuir em mais de 20% a letalidade.

A ideia de compartilhar o artigo com a comunidade científica surgiu dos integrantes do comitê. O material pode servir de referência para o planejamento em outras pandemias. Além de Parrini, o superintendente médico, Luiz Antonio Nasi, a superintendente assistencial, Vania Röhsig, a gerente médica, Gisele Nader Bastos, a chefe do Serviço de Cardiologia, Carisi Polanczyk, e o chefe do Serviço de Infectologia, Alexandre Zavascki, assinam a publicação.

Confira o artigo no site da New England Journal of Medicine.

Redação

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