A FEHOESP – Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo está iniciando ampla campanha de alerta aos 56.224 serviços privados de saúde no Estado, entre 511 hospitais, 36.815 clínicas, 959 casas de repouso e 2.121 laboratórios e demais serviços para o diagnóstico rápido e preciso do sarampo, orientando sobre os tratamentos adequados e alertando para a necessidade de notificação imediata ao Ministério da Saúde.
Segundo Luiz Fernando Ferrari Neto, diretor da FEHOESP, torna-se de fundamental importância o diagnóstico rápido e preciso da doença e a notificação para as autoridades de saúde para que possam ser tomadas medidas sanitárias e de saúde pública. “Os médicos mais novos não conhecem as doenças erradicadas há muitos anos no país. Daí a importância do alerta”, enfatiza o diretor da FEHOESP, que também é médico.
A FEHOESP está viabilizando uma campanha via portal da entidade e enviando ainda comunicados através de seus sindicatos filiados e escritórios regionais em todo o interior paulista solicitando a adesão de seus serviços de saúde em todo o Estado.
Alerta para a necessidade da vacinação
O setor de imunização no Brasil enfrenta um período de grandes desafios. O país sofre com um surto de febre amarela silvestre, voltou a registrar casos de sarampo e segue lutando para reverter o baixo índice de adesão a vacinas.
Para o diretor da FEHOESP, Luiz Fernando Ferrari, os serviços de saúde devem unir esforços aos do poder público para sensibilizar e alertar a população para a necessidade da vacinação. “Diagnóstico e tratamento são importantes, mas o primordial é a vacinação”, alerta.
Os índices da cobertura vacinal de bebês e crianças atingiram o nível mais baixo do país nos últimos 16 anos. Levantamento do Ministério da Saúde identificou que todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano não alcançaram a meta, ficando entre 70,7% a 83,9%, enquanto a meta do PNI-Plano Nacional de Imunizações era imunizar 95% das crianças contra a poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, difteria, varicela, rotavírus e meningite.
Como diagnosticar e tratar o sarampo
O alerta da Federação pede atenção aos serviços de saúde para os sintomas típicos do sarampo. Para o professor doutor e infectologista Roberto Focaccia, autor de diversos tratados de epidemiologia, consultado pela FEHOESP para oferecer maiores esclarecimentos aos estabelecimentos de saúde sobre o diagnóstico, a identificação do sarampo é muito fácil porque é uma doença que compromete todas as mucosas do organismo.
Na fase prodrômica, que antecede o aparecimento das lesões de pele, todas as mucosas são afetadas, como as manchas brancas na mucosa da boca chamadas de Lesão de Koplic; conjuntivite – pela lesão das mucosas dos olhos; tosse, por conta da lesão das mucosas dos brônquios; vômito e diarreia, devido a inflamação das mucosas do estômago e intestino; dor de ouvido, em decorrência da lesão das mucosas do ouvido e lesões nas mucosas da vagina com sangramento, nas meninas, e sangramento na uretra, nos meninos. Os sintomas são acompanhados de febre alta acima de 38,5°C, prostração, desidratação, tosse intensa e mais raramente insuficiência respiratória, choque ou encefalite.
Nas fases de estado, o exantema é muito característico porque preserva algumas áreas dando um aspecto rendilhado. Não existe tratamento específico para o sarampo. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado. Para os casos sem complicação, manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. E evitar o contato com outras pessoas, pois o sarampo é altamente contagioso e transmitido por partículas respiratórias e nem sempre quem transmite tem sintomas.
O surto do sarampo no país
O Brasil enfrenta dois surtos da doença: em Roraima e no Amazonas com 995 casos confirmados e 1500 em investigação, incluindo duas mortes. E há casos confirmados em outros quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rondônia. Em 2017, 20 estados e o Distrito Federal não alcançaram a meta de imunizar 95% das crianças. Os piores índices são no Pará, São Paulo e Acre.
Orientação do Ministério da Saúde é que quem nunca tomou a vacina deve tomá-la agora. Pessoas com até 29 anos devem tomar duas doses; de 30 a 49 anos, um dose basta e quem tem mais de 50 anos não precisa se vacinar porque provavelmente já teve contato com a doença.
A volta da poliomielite
A FEHOESP está alertando também os serviços de saúde sobre informe do Ministério da Saúde de que há alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras. A doença está erradicada no continente desde 1994, após décadas de diagnósticos de milhares de casos de paralisia infantil.
Poliomielite ou paralisia infantil é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3) que pode infectar crianças e adultos por via fecal-oral, ou seja, através do contato direto com as fezes ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas e pode provocar ou não paralisia.
A poliomielite foi praticamente erradicada nas áreas desenvolvidas do mundo com a vacinação sistemática das crianças, mas o vírus ainda está ativo em alguns países da África, Ásia e pode estar no Brasil. Para evitar que seja reintroduzido nas regiões que não registram mais casos da doença, as campanhas de imunização devem ser repetidas todos os anos.