“Comecei a escrever em 1992 e desde então, não parei mais. Em meu diário, estão todos os meus pensamentos, vivências e sentimentos. Mas foi em 2018, após ser questionada sobre a cicatriz em minha boca em uma discussão de trânsito, que percebi que a minha história, documentada em meu diário há quase 30 anos, poderia impactar, positivamente, toda a comunidade de fissurados.” Aos 43 anos, Camila Rocha, jornalista e escritora, acaba de lançar o livro ‘Fissurada pela vida’, que narra a história de Carol Martins, personagem com fissura labial.
A fissura labiopalatina é um defeito congênito comum, que afeta 1 a cada 650 bebês nascidos no Brasil. A condição ocorre quando certos elementos e estruturas do corpo não se fundem durante o desenvolvimento fetal e acabam afetando a formação do lábio e/ou o céu da boca (palato). “A partir de uma situação inusitada, eu descobri que meu diário poderia transformar vidas, já que muitas pessoas não conhecem a condição. Por ser grande fã de leitura, percebi que não existia nenhuma personagem fissurada na literatura brasileira que representasse os pacientes. Foi então que tive a ideia de escrever o livro ‘Fissurada pela vida’. Espero que meu livro consiga atingir pessoas que desconheçam a condição e as que simpatizam e tenham o desejo de ajudar a comunidade de fissurados”, explica Camila.
De autora do livro à embaixadora da Smile Train, Camila conta que sempre foi apaixonada por escrever. E dar vida à Carol Martins foi a realização de um grande sonho. “Apesar de ter muito de mim na Carol, a história é uma autoficção: são histórias que aconteceram comigo, eternizadas em meu diário, adaptadas para o universo da protagonista. Assim, obtive liberdade narrativa para criar uma personagem forte e empoderada, que decidiu que a fissura labiopalatina não atrapalharia sua vida – e sim, daria a força e inspiração necessárias para realizar seus sonhos e ajudar outras pessoas.”
Embora tenha nascido com um caso considerado simples de fissura labiopalatina, Camila passou por cinco procedimentos cirúrgicos. “Minha primeira cirurgia foi aos cinco meses de vida. Depois, com 12, 19, 21 e 30 anos. O tratamento da fissura labiopalatina envolve muitos profissionais, como cirurgiões, fonoaudiólogos, nutricionistas, dentistas, psicólogos e otorrinos. Poder contar com um cuidado integral e multidisciplinar faz toda a diferença para quem tem a condição. Por isso, tenho muito orgulho de ser embaixadora de uma instituição que conta com uma solução sustentável para o tratamento integral de fissuras, que visa trazer qualidade de vida. Com o cuidado adequado, é possível ter uma vida saudável e produtiva”, finaliza Camila.