Fórum Futuro da Saúde debate o bem-estar da pessoa idosa

O tema ‘Promoção à Saúde e Bem-Estar da Pessoa Idosa norteou o segundo webinário do Fórum ‘O Futuro da Saúde no Brasil: Perspectivas e Desafios’, realizado na sexta-feira (12), reuniu autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil e de pacientes, para compartilhar conhecimentos e fomentar discussões para construção de políticas públicas efetivas para o enfrentamento das doenças da população idosa, assegurando saúde e qualidade de vida a todos.

“Estamos novamente em uma ação responsável, comprometidos de fato, e juntos fazendo diferente”, disse Clementina Moreira Alves, presidente do Instituto Brasileiro de Ação Responsável, entidade organizadora do evento realizado nas quatro sextas-feiras de novembro (5, 12, 19 e 26), sempre das 10h ao meio-dia. Com a Novartis entre seus patrocinadores, o Fórum 100% ao vivo é transmitido on-line no canal www.youtube.com/acaoresponsavel, onde a gravação fica disponível.

Clementina, que também é Diretora Executiva da Íntegra Brasil, correlacionou o tema do Fórum com a COP 26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada na Escócia. “Não poderia deixar de pontuar a COP26, que hoje está no seu último dia, porque enquanto eles lá estão discutindo mudanças climáticas, nós estamos aqui, alinhados, falando deste futuro e de qualidade de vida para o envelhecimento”, completou, destacando a necessidade de a sociedade discutir o futuro e as políticas públicas para o envelhecimento da população.

Além de debater o futuro, a esperança integrou o discurso do Gerontólogo e Epidemiologista, Alexandre Kalache, Presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC Brasil) e ex-diretor de Envelhecimento e Saúde da OMS. “Tenha esperança, a gente pode olhar para o futuro e dizer ‘Nossa, que coisa boa, nós envelhecemos’. Envelhecer é um privilégio para a minha geração”, destacando que quando ele nasceu a expectativa de vida era de 43 anos.

Moderador do webinário, o Presidente do Conselho do Idoso do Distrito Federal e da Comissão de Defesa do Direito da Pessoa Idosa da OAB-DF, Mauro de Oliveira Freitas, destacou a necessidade de se conhecer as doenças relacionadas ao envelhecimento. “Nós precisamos ter uma visão de prevenção de algumas ocorrências que as pessoas terão que enfrentar neste período, mas que não devem diminuir sua qualidade de vida”, disse ele, destacando a necessidade de prevenção.

DMRI e Mielofibrose – Nesse sentido, o evento contou com dois médicos especialistas em doenças inerentes à faixa etária: a presidente da Retina Brasil, Angela Maria de Sousa Bezerra, falou sobre a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e o Hematologista Renato Tavares, da Universidade Federal de Goiás (UFG), palestrou sobre a Mielofibrose.

Doença degenerativa e progressiva que acomete a área central da retina (mácula), levando invariavelmente à perda da visão central, a DMRI é a principal causa de cegueira irreversível em indivíduos com mais de 50 anos nos países desenvolvidos e, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, atinge hoje cerca de três milhões de brasileiros acima de 65 anos. Entretanto, de acordo com Angela, o país não possui políticas públicas relacionadas à DMRI e o último Plano Nacional da Saúde não prioriza as doenças oftalmológicas.

“Quando você tem uma visão saudável, pode interagir com autonomia e independência no mundo que estamos inseridos. Não estamos dando atenção às políticas públicas voltadas à visão como damos ao Alzheimer, à vacinação ou a poliomielite”, exemplifica a médica cearense, afirmando que a saúde ocular precisa ser integrada a essas causas. E é justamente por conta disso, que a Retina Brasil, organização criada em 2000, realiza ações de advocacy para facilitar o acesso de pacientes ao diagnóstico.

Também subdiagnosticada, a mielofibrose primária é uma doença rara cuja idade média de diagnóstico é de 67 anos. De acordo com Tavares, embora o quadro clínico seja variado apenas 15% são assintomáticos. “Mas o principal é que há um quadro de fadiga grande, então esses pacientes têm uma qualidade de vida muito comprometida. O idoso já tem uma série de outros problemas de saúde e quando essa doença se instala nele traz uma queda na produtividade e na qualidade de vida”, completa ele, que nomeia a doença como “órfã do SUS”, uma vez que o ruxolitinibe – único tratamento aprovado pela ANS para a doença (desde 2018) – está disponível apenas via convênios porque ainda aguarda aprovação Da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

De acordo com o 2º Vice-Presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa, deputado federal Igor Tarciano Timo (Podemos/MG), entretanto, o Brasil tem uma legislação rica em ações voltadas à faixa etária, inseridas nas diversas políticas públicas. “Mas elas se tornam pobres em sua efetividade. Essa é uma das mais importantes missões que temos nessa comissão, a de fiscalizar”, afirma ele, explicando que entre as atribuições da Comissão Permanente também estão o recebimento, a avaliação e investigação de denúncias relativas às ameaças e à violação dos direitos da pessoa idosa e a propositura de leis. O deputado citou, entre outros, o PL 4865/2020, que estabelece a obrigatoriedade de exames laboratoriais conveniados com o poder público federal, estadual ou municipal no domicílio do paciente.

Saúde Integral – Coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, a Cirurgiã-Dentista Lucélia Silva Nico abordou as ações da coordenadoria voltadas à qualificação do cuidado, em especial a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa e as Orientações Técnicas para a Implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa, publicado em 2018.

“Este material tem como eixos estruturantes a identificação de necessidades da pessoa idosa e o apoio para implementar esta linha de cuidado”, disse. Já em relação à caderneta, segundo Lucélia, 58% dos municípios brasileiros já aderiram à ferramenta que possibilita o rastreiro de eventos e contextos importantes para identificar realmente o que o idoso precisa. “É um instrumento de cidadania que empodera o idoso que passa a ter conhecimento da sua própria saúde, com mais autonomia”.

Redação

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