O Healthcare Innovation Show 2018 teve início na quarta-feira (19) no São Paulo Expo e foi aberto por Rodrigo Moreira, diretor de estratégia do portfólio de saúde da UBM Brazil, parte do Grupo Informa PLC, que hoje é líder em serviços de informação e o maior organizador de eventos do B2B no mundo. Rodrigo afirmou às centenas de profissionais presentes que as palestras do evento certamente irão contribuir para a agenda estratégica do setor. “Discutiremos aqui inovação, tecnologia e gestão, questões que terão impactos muito profundos nas organizações de saúde”, ressaltou.
Vítor Asseituno, Healthcare Market Director da UBM Brazil, destacou então que este mercado movimenta R$ 500 bilhões anualmente no país, envolvendo empreendedores, investidores, médicos, pacientes e vários outros públicos. “É muito importante estarmos aqui hoje porque 60% do setor é privado. Dois terços desta fatia são planos de saúde, que respondem pela segunda maior despesa das empresas. E em breve, saúde digital será sinônimo de saúde”.
O executivo explicou que o Brasil está caminhando para esta mudança digital, mas que a prioridade é a mudança cultural nas organizações. “Não se trata apenas de investir em startups, mas de uma colaboração de todas as áreas”, concluiu.
O ROI nem sempre é tangível quando envolve tecnologia disruptiva
Por mais contraditório que pareça, o ROI nem sempre é tangível quando envolve a adoção de tecnologia disruptiva. Em uma mesa redonda no primeiro dia do Healthcare Innovation Show 2018, os participantes chegaram a esta unanimidade, destacando que tanto na área de saúde como em outros mercados, é importante considerar retorno questões como fidelização, engajamento, atração de novos clientes, satisfação dos profissionais lidando com a nova tecnologia e manutenção do sistema. Mesmo que, em alguns casos, inicialmente isso até envolva perdas financeiras.
O painel foi moderado por Ricardo Orlando, CIO da Dasa, com participação de Rodrigo Moreira, diretor de Estratégia da UBM Brazil; Lílian Hoffman, CIO da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Bruno Pierobon, CEO e fundador da ZUP Innovation; e Fábio Mattoso, Executive Leader Watson Health da IBM.
“O ponto principal é a incorporação dos aspectos tecnológicos na cultura da empresa. O quanto está disposta a arriscar no início da implementação do processo? Não pode ter tanto medo de errar, porque com a disrupção sempre há erros e aprendizados”, afirmou Rodrigo Moreira. Já Lílian Hoffman deu dicas de como conseguir apoio da alta administração das organizações. “O ROI tangível ou intangível não precisa ser tão claro de imediato, mas é importante materializar a potencialidade do trabalho com pequenos projetos. Vários hospitais estão fazendo testes assim para provar o potencial da tecnologia à área de negócios”, disse.
Mudanças disruptivas no setor de saúde devem começar pelas pessoas
Aliar os recursos da tecnologia em todos os processos operacionais tem sido o grande desafio de muitas instituições de saúde no Brasil. Na avaliação de Paulo Bastian, CEO do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, “é fundamental que os gestores compreendam as mudanças a partir dos recursos humanos”. Na manhã desta quarta-feira (19), Bastian moderou o painel “Inovação x operação: como construir uma organização disruptiva e sólida”com os presidentes da Totvs, Laboratório Hermes Pardini, AC Camargo Câncer Center, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio Libanês.
“A inteligência artificial é uma das ferramentas que pode contribuir muito para melhorar a eficiência do setor, pois as pessoas já estão conectadas”, disse Laércio Cosentino, CEO da Totvs. Para que este modelo seja viável no setor, ele alerta para a necessidade de investimentos na captura de informações, convergindo todos os dados disponíveis em uma plataforma única.
Mas o desafio é justamente fazer a digitalização dos dados e a manutenção da operação. No caso do Laboratório Hermes Pardini, 90% dos laudos são digitalizados e a pessoa consegue fazer o seu check in por meio de QR Code. Na opinião do CIO da empresa, João Alvarenga, apesar de ser um avanço importante, o cliente ainda não enxerga esta capacidade produtiva. “Por isso, a empresa que entregar a melhor experiência, será percebida pelo cliente, assim como já acontece com o Google”, afirma o executivo.
Uma das iniciativas da AC Camargo para melhorar a experiência e atendimento dos pacientes foi criar o modelo do Câncer Center. De acordo com Vivien Rosso, CEO da empresa, o objetivo é ter eficiência durante todo o tratamento, envolvendo pacientes e médicos de outras áreas. Desta forma, os profissionais podem intervir na revisão do tratamento. Inicialmente, o Câncer Center está atendendo mulheres com câncer de mama.”Estamos aprendendo que a revisão dos processos começa pela cultura organizacional. Levamos seis meses para formatar este modelo”, lembra Rosso.
Organizações de saúde estão investindo mais em aplicativos no Brasil
Seguindo o exemplo de sucesso dos aplicativos de transporte, organizações de saúde brasileiras estão investindo mais em aplicativos em um movimento ainda inicial. Não como um serviço de retorno imediato, mas como uma ferramenta para ajudar as pessoas a se manterem saudáveis, seja influenciando mudança de hábitos, engajando-as nos tratamentos médicos ou incluindo o paciente no processo de decisão relacionado a seu diagnóstico.
“Temos um aplicativo que monitora o nível de estresse, sono e quantidade de exercício de centenas de milhares de pacientes para retroalimentá-los com dicas para que se tornem mais saudáveis. Com o tempo, aos poucos, eles percebem e valorizam este benefício. Mas ainda há um longo caminho à frente”, afirmou Cristiano Barbieri, CIO da Sulamérica, em painel do Healthcare Innovation Show 2018.
Moderado por Lasse Koivisto, CEO da Prontmed, também participaram do painel com o tema IoT e analytics na rotina de operação de saúde Ailton Bomfim Brandão Júnior, diretor de TI do Hospital Sírio Libanês; Marcio Aguiar, LATAM Enterprise Sales Manager da NVIDIA; e Flávio Amaro, sócio fundador da 37.78.
Brandão Júnior comentou como dados fazem parte do dia a dia de qualquer atividade complexa e que saúde, mais cedo ou mais tarde, também seria incluída. “Hoje, com poucos cliques, podemos gerar dados e organizá-los de forma que médicos e estatísticos possam buscar insights aprofundados sobre o paciente, exames e tratamento”.
Quanto aos aplicativos, segundo o executivo, precisam ser leves, amigáveis e terem uma interface bonita para serem aceitos. “Nos próximos anos, devemos poder oferecer funções mais avançadas, como antecipação parcial da consulta com fotos e formulários online, além de sugestão de nutricionista ou preparador físico, por exemplo”, destacou.
Homens e máquinas podem ter uma convivência amigável
Homens e robôs trabalhando juntos em prol da qualidade de vida das pessoas. “Não temos que ter medo do futuro, pois a revolução digital já começou e veio para mudar a nossa forma de ver o mundo”, afirmou Robert Brown, Associate Vice President, Center of the Future of Work at Cognizant Technology Solutions, durante sua palestra sobre o “Futuro do Trabalho, realizada no primeiro dia do HIS, em São Paulo.
Ele não tem dúvidas de que a inteligência artificial está interferindo em muitos setores da saúde e, principalmente, na rotina dos profissionais. Também chamou a atenção do público sobre a percepção da sociedade de que a máquina irá substituir o trabalho humano. “Isso é um absurdo! Temos que ser realistas e otimistas em relação a tudo o que vem sendo noticiado. O que precisamos é desenvolver novas habilidades técnicas”.
Inúmeros exemplos foram apresentados por Brown de como é possível ter uma convivência amigável entre homem e máquina. O executivo viveu esta experiência, quando precisou emagrecer e usou um dispositivo que o monitorava no dia a dia. Mas não foi só a tecnologia que o ajudou a perder 17 quilos. “Fui assistido o tempo todo, ainda que remotamente, por um enfermeiro. Foi muito importante ter este apoio, além da minha determinação”, lembra.
Pessoas idosas também estão se beneficiando com o uso de aparelhos que “conversam” com elas, durante uma caminhada, por exemplo. Desta forma, sendo Brown, “elas não se sentem tão solitárias, melhorando as condições física e emocional”.
Inúmeras reuniões de negócios foram marcadas pelo aplicativo do Healthcare Innovation Show, no primeiro dia do evento
Pela primeira vez, o Healthcare Innovation Show ofereceu um recurso no aplicativo para marcar reuniões de negócios entre expositores e participantes com interesses em comum. A ferramenta HIS, que pode ser baixada gratuitamente pelo Google Play ou pelo App Store, gerou muitos encontros no primeiro dia do evento na Meeting Area preparada especificamente para este fim.
Para Caroline Selau, gerente de Negócios da Bristol-Myers Squibb, a experiência foi muito positiva. “Tivemos várias interações com outros players do mercado de saúde e líderes de instituições, o que favoreceu e enriqueceu toda a experiência”, afirmou. A interface intuitiva do aplicativo foi o que mais chamou a atenção de Nactacha Chaves, analista de Marketing da Pixeon, que usou a agenda e o sistema de lembretes para não perder uma conversa que, em breve, deve render uma parceria na área de radiologia.
No caso de Juliano Côco, gerente de Mercado da 2iM – Inteligência Médica, o planejamento começou um dia antes com o estudo dos perfis dos visitantes de interesse. “Mandei mensagens dentro do próprio aplicativo e confirmei reuniões com representantes de hospitais e operadoras aqui mesmo no estande da empresa, o que também é possível fazer. Foi um primeiro contato assertivo e muito produtivo”, destacou. Esta quinta-feira é o último dia do evento – ainda há vagas na Meeting Area.
O HIS termina nesta quinta-feira (20).
HIS
O HIS – Healthcare Innovation Show é o primeiro trade show de tecnologia e inovação em um espaço de mais de 4.000 m² voltado ao mercado de saúde na América Latina. São seis arenas simultâneas onde acontecem mais de 10 congressos, cada qual especialmente organizado para oferecer conteúdo de qualidade para os diferentes cargos e funções das organizações de saúde.
O evento deverá contar este ano com números que ultrapassam 3 mil participantes, 200 palestrantes e 75 empresas expositoras, além de premiações de reconhecimento das experiências inovadoras do setor.
Além das discussões executivas e estratégicas, o HIS é ponto de encontro das maiores lideranças do setor e grandes empresas e startups apresentam o que há de mais inovador e tecnológico no mercado.