HIV/Aids: mesmo sem cura é possível viver com o vírus

Descoberta no início da década de 80, a Aids apareceu como uma doença misteriosa. Com a maioria dos casos em homossexuais, a enfermidade passou a ser chamada como “peste gay”. Na época, haitianos, hemofílicos e usuários de drogas também foram colocados como culpados pela aparição e propagação do vírus. A epidemia acabou assustando a sociedade, e desde então, a doença passou a ser vista de forma preconceituosa e mistificada como uma sentença de morte.

A Aids, sigla em inglês para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença infectocontagiosa que afeta o sistema imunológico, fazendo com que o organismo fique mais fragilizado e vulnerável a outras doenças. A enfermidade é causada pelo vírus do HIV, transmitido principalmente por meio de relações sexuais sem o uso de preservativo; exposição a fluidos ou tecidos corporais infectados e de mãe para filho durante a gravidez, o parto ou na amamentação.

A infectologista do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anaur Auad, de Goiânia (GO), Dra. Letícia Aires, explica que ter o vírus HIV não significa estar com Aids. “A pessoa infectada pelo vírus não necessariamente desenvolverá a doença, desde que a enfermidade seja controlada com medicamentos”.

Apesar de ser uma doença sem cura, quase 40 anos após o começo da epidemia, e com os avanços na medicina, o paciente soropositivo que segue o tratamento corretamente, consegue levar uma vida normal. “Preconceitos ainda estão muito presentes na sociedade, mas nós como profissionais da saúde precisamos desmistificar os estigmas sobre a doença, fazer com que os portadores do HIV consigam falar abertamente sobre o assunto, e mantê-los sempre incluídos na sociedade”, destaca Letícia.

Enfermeiro, teólogo e pastor, Edson Santana de 55 anos, descobriu ser portador do vírus em 2005, e realizou sua primeira consulta no HDT, no dia 21 de maio do mesmo ano. “Recebi o diagnóstico da doença tranquilamente, e desde então, faço o tratamento periodicamente de forma correta. Levo uma vida normal, e mesmo tomando medicação diária, muitas vezes, acabo me lembrando do vírus HIV uma vez no ano, que é quando faço os exames de carga viral”.

Edson explica que envelhecer com HIV é bem mais acelerado em relação às pessoas que não possuem o vírus. “Nós portadores da doença sofremos precocemente de doenças possivelmente futuras, mas com uma rotina de cuidados podemos levar a vida de forma comum. Ao longo desses 14 anos, desde que descobri a doença, participei de movimentos sociais LGBTS e de combate às drogas, e realizo um trabalho de prevenção às infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) principalmente em jovens e travestis. Mantive uma vida amorosa e sexual normal, sempre com proteção e sou uma pessoa bem resolvida na vida familiar e social”.

O tratamento para doença é feito por meio de medicamentos antirretrovirais, fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Estes medicamentos combatem o vírus e fortalecem o sistema imune, mas não são capazes de eliminar o vírus do organismo. Atualmente, o HDT atende mais de 10.000 pacientes vivendo com HIV/Aids que buscam o medicamento mensalmente na farmácia ambulatorial. No ano de 2018, o HDT notificou 724 casos de pessoas com HIV/Aids, e cerca de 329 em 2019.

Além do tratamento com medicamentos e exames periódicos, o portador também deve passar pelo serviço de adesão do hospital. A psicologia do HDT, Nilma Maria de Sousa, destaca que a adesão é um processo contínuo de cuidado e prevenção à saúde. “É um trabalho desenvolvido com finalidade de mostrar ao paciente a possibilidade de continuidade à vida, à saúde e bem estar biopsicossocial”.

Dia 1º de dezembro foi estabelecido, em 1987, pela Assembleia Mundial de Saúde e pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia Mundial de Luta Contra a Aids, também celebrado como Mês Vermelho. A infectologista destaca que todo dia é dia da Aids. “Devemos comemorar essa data como forma de reflexão. O HDT tem se colocado, desde o início da epidemia da doença, como um hospital de referência para o tratamento de pessoas portadoras do vírus, sempre carregando um papel social importante no tratamento da enfermidade, e é necessário demonstrar que os pacientes adeptos ao tratamento podem levar uma vida normal e saudável”, ressalta Letícia.

Leitura complementar

CUIDADO FARMACÊUTICO PACIENTES COM CÂNCER, HEPATITE, HIV/AIDS, DENGUE E OUTRAS DOENÇAS VOL.4

Autores/Editores: Luciane Cruz Lopes e Paulo Caleb

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Redação

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