Hospitais do SUS reduzem em 32% o número de infecções hospitalares

Prestes a completar um ano, o projeto Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil, que visa aumentar a segurança e diminuir as taxas de infecção relacionadas a assistência da saúde nos hospitais do SUS em 50% até 2020, registrou uma redução de 32% dos casos de infecção relacionadas à assistência à saúde (IRAS) nos 119 hospitais participantes da iniciativa. Isto significa que a meta de 30% estipulada para os 18 primeiros meses de projeto, que termina em junho de 2019, já foi superada em 11 meses de implantação.

Foram constatadas quedas nos três tipos de infecção hospitalar que abrangem o programa: aproximadamente 30% nos casos de infecção do trato urinário associada a cateter vesical de demora (ITU-AC), 30% em infecção corrente sanguínea associada a cateter venoso central (IPCSL), e 17% em pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV).

Os dados foram apresentados na quarta Sessão de Aprendizagem Presencial (SAP4), que aconteceu nos dias 27 e 28 de novembro em São Paulo. Participaram do evento, 600 pessoas entre representantes do Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais de Saúde, profissionais da saúde que atuam nas cinco regiões do país, especialistas em ciência da melhoria, coordenadores e equipes dos hospitais PROADI-SUS. O projeto é parte das estratégias de implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente do Ministério da Saúde em parceria com os cinco hospitais de excelência – Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital do Coração (HCor), Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).

“Como o nível de maturidade está maior e o que interessa é aumentar a interação entre os participantes, nós decidimos mudar a configuração das mesas e mesclar os integrantes de cada hub (grupo hospitais pelos quais cada instituição privada é o tutor responsável no projeto), para que todos possam ensinar e aprender experiências vividas e soluções encontradas”, comenta Cláudia Garcia de Barros, coordenadora geral do projeto.

Até outubro de 2018, estima-se que 1.096 infecções tenham sido evitadas nos hospitais participantes do projeto. Quando revertido em vidas salvas, esse número é de 347. Esses resultados podem ser ainda melhores se considerarmos os dispositivos não utilizados (1228 e 363). “Agora nós nos reconhecemos nitidamente como um time só, um grupo coeso, que tem um foco melhor estabelecido. A mudança é clara, todos captaram o espírito da ciência da melhoria e estão implementando em suas instituições de forma sustentável”, completa Cláudia.

O diretor executivo do Institute for Healthcare Improvement (IHI), Frank Federico, participou do evento via vídeo conferência e falou sobre a paixão pelo cuidado do paciente e sobre os desafios enfrentados pelo projeto. “Existirão momentos desafiadores, nos quais vocês podem se sentir frustrados, mas então devem se lembrar do motivo pelo qual estão fazendo esse trabalho: o bem-estar do paciente”.

Ana Cristina Wanzeler, diretora do Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento do Ministério da Saúde, também comentou o impacto da iniciativa. “Este programa é fundamental para salvar vidas e resgatar a qualidade de vida dos pacientes”. Ela frisou a necessidade de se manter o projeto na transição de governo. “O programa precisa continuar, daí a importância da gestão da qual eu faço parte, transferir para a próxima o conhecimento desenvolvido ao longo do projeto. Desta forma poderemos empoderar a próxima gestão e consolidar o programa”.

Atividades realizadas pelos participantes

Storyboards – As apresentações feitas por alguns hospitais que se destacam por seus resultados, sejam eles positivos ou negativos, foram misturadas propositalmente, seguindo o modelo proposto nessa edição da SAP, a fim de inspirar instituições fora de seus grupos habituais e de captar propostas de soluções de diferentes lugares.

Planejamento – A única atividade dividida por hub não seguiu um padrão, mas teve como objetivo comum inspirar os participantes para os próximos meses de trabalho. Jogos de tabuleiro e exercícios de colaboração e criatividade para solucionar problemas foram algumas das dinâmicas realizadas nesta atividade.

Oficinas – O primeiro dia de evento contou com três oficinas que abrangeram diferentes temas. Casos de hospitais que encontraram dificuldades de implementar as atividades propostas no projeto Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil foram expostos ao público. Em seguida, os participantes foram submetidos a uma série de perguntas que deveriam ser respondidas por meio de um controle, distribuído no início da sessão. Assim se deu a oficina sobre identificação e remoção de barreiras no envolvimento dos profissionais da saúde em projetos de melhoria.

Experiência do paciente e coleta de informações foram os temas das outras duas oficinas. Na primeira, foi incentivado o uso do NPS (Net Promoter Score) para medir o índice de recomendação das UTIs por pacientes e familiares. Falou-se também sobre mapeamento de emoções e contato aprofundado com pacientes e familiares.

Já na oficina de indicadores, vídeos com simulações de atendimentos beira-leito foram exibidos para fortalecer as estratégias de adesão à higiene de mãos e a interatividade esteve presente novamente por meio de um quiz.

Próximos passos

A próxima SAP já tem data marcada e será realizada em São Paulo, durante os dias 12 e 13 de março.

A partir de 2020 os hospitais com melhores resultados serão preparados e formarão os novos hubs, replicando o conhecimento adquirido durante a fase de implementação em outras UTIs a partir de 2021.

Redação

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