Hospital de Base: Circuito dos Transplantados mostra importância da doação de órgãos

Dona Sueli e Sr. Darci, seu esposo

Uma manhã ensolarada, médicos, equipe multidisciplinar e pacientes que passaram por transplante e outros que aguardam um órgão fazendo exercícios físicos e confraternizando. Foi assim o 1º Circuito ao Ar Livre dos Transplantados do Hospital de Base, realizado neste sábado (17), na Praça do Vivendas.

Na região de São José do Rio Preto (SP), 75% das famílias autorizam a doação de órgãos, número superior aos 60% da média estadual. A taxa de doadores é de 25 pessoas por milhão de habitantes, acima da média nacional, que é de 18 por milhão. No primeiro semestre de 2022, dezenas de vidas foram salvas a partir das captações realizadas pela OPO, sendo dois pâncreas, dois pulmões, três corações, 17 fígados e 51 rins.

O evento foi realizado em alusão ao Setembro Verde, mês de conscientização sobre a importância da doação de órgãos. “Nosso objetivo é que os transplantados participem desta festa para mostrar que eles estão reabilitados, que estão tendo uma nova opção de vida e podem ter uma vida normal, com atividades físicas e convívio social”, explica o Dr. João Fernando Picollo, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base, que abrange toda a região.

Caso de Narciso José Filho, aposentado de 71 anos, morador de Talhado, que há quase 22 anos recebeu um rim. “Fiz diálise e hemodiálise por anos. Com o transplante, eu nasci de novo, graças a Deus e à família que doou. Eu sempre valorizei a vida, mas passei a valorizar mais porque a gente dependia de mostrar para a população que o transplantado sobrevive”, diz.

A esposa dele, a dona de casa Neusa Maria de Lima, de 69 anos, ressalta que é muito importante que as famílias autorizem a doação de órgãos. “Vocês não têm ideia da alegria quando a gente recebe esse chamado. É como se ganhasse um prêmio na loteria”, afirma.

Para muitos pacientes, o transplante é a única possibilidade de continuar vivendo, como é o caso do coração e do pulmão, por exemplo. “Quando o paciente chega para nós para ser avaliado, sabemos que as chances dele sobreviver nos próximos anos sem o transplante são menores que 50%, baseados nas estatísticas mundiais”, explica o Dr. Henrique Nietmann, cirurgião torácico e chefe do Serviço de Transplante de Pulmão do HB, o único serviço do tipo localizado fora de uma capital.

Autorização

Durante a pandemia, caiu a quantidade de transplantes de todos os órgãos, e agora que o mundo começa a sair deste quadro crítico graças às vacinas, é necessário retomar e ampliar o ritmo de transplantes. “A gente está voltando à nossa rotina e que isso permita que a gente volte a buscar os nossos sonhos. Para esses pacientes que são portadores de doenças graves, o sonho deles é uma vida melhor. Esse momento é um renascimento para nós como equipe como para os pacientes e acho que isso pode sensibilizar as pessoas a serem doadoras”, considera o Dr. Henrique Nietmann.

Essa espera a dona de casa Sueli Francisca, de 59 anos, conhece bem. Portadora de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ela está na fila por um transplante de pulmão há um ano e meio. “Não é nada fácil, muito sofrimento. A falta de ar é muito constante, eu dependo de oxigênio para tudo, 24 horas por dia, é muito sofrimento, não é sempre que estou bem. A gente vai levando, mas não é fácil a rotina”, conta.

Dona Sueli garante que o transplante é tudo o que mais quer. “Minha malinha está no jeito. Quero voltar a viver.”

No Brasil, a única forma de viabilizar a doação de órgãos é por meio do consentimento familiar após a morte encefálica. Por isso, Dr. João Fernando Picollo ressalta que é essencial que as pessoas que têm o desejo de doar órgãos informem os parentes mais próximos. “Somente a família pode autorizar e consentir”, reforça.

Redação

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