Hospital elabora cartilha para orientar crianças ao visitar parentes na UTI

Quem já vivenciou a internação de um familiar na UTI de um hospital sabe. A rotina de exames, avaliações médicas e atualizações do quadro de saúde do paciente pode ser muito desgastante emocionalmente. É preciso que os profissionais da saúde façam um atendimento proativo dos parentes da pessoa internada, buscando acolher e esclarecer dúvidas.

Quando se tem crianças na família, isso se torna ainda mais necessário, já que elas perguntam, sentem falta e buscam informações sobre o paciente. Não é uma tarefa fácil, mas é preciso considerá-las como parte importante do processo e valorizar seus questionamentos, já que para os pequenos a situação é completamente desconhecida e ainda mais assustadora. E, em período de férias escolares, como agora, as visitas de crianças ao hospital aumentam.

Pensando nisso, o Serviço de Psicologia do Hospital Santa Isabel (HSI), de Blumenau (SC), elaborou uma cartilha ilustrada com orientações básicas para crianças sobre o que é uma Unidade de Tratamento Intensivo. Normalmente, as visitas à UTI só são liberadas a partir dos 16 anos, mas quando a família solicita a entrada de uma criança, a psicóloga leva a solicitação à equipe multidisciplinar, que avalia o pedido. O horário deve ser agendado, de preferência em um momento diferente dos demais visitantes.

A abordagem e leitura da cartilha

Segundo Vanessa Beck, psicóloga da UTI do Hospital Santa Isabel, o desejo da criança de realizar a visita e a opinião do paciente, caso tenha condições, são as primeiras coisas a se considerar. “O grau de afinidade da criança com a pessoa internada é muito importante, porque influencia diretamente no enfrentamento daquela situação. Falamos também com os adultos para entender como é aquela rede de amparo familiar, e se houve conversas sobre o adoecimento e a internação”, afirma a psicóloga.

Na maioria dos casos, a psicóloga conversa a sós com os pequenos enquanto eles folheiam a cartilha, que é repleta de ilustrações. Eles também recebem lápis e papel para facilitar a expressão dos sentimentos, e o uso de brinquedos e bonecos que remetam à condição hospitalar também pode ser apropriado. “O adoecimento de um ente querido suscita fantasias e angústias para as crianças. Trabalhar com a verdade e falar sobre questões que são tabu, como a morte, possibilita desenvolvimento emocional, mesmo que em um momento de tristeza”, completa Vanessa.

Redação

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