Hospital Evangélico Mackenzie registra aumento nos partos e demanda por leite materno

No dia 19 de maio foi o Dia da Mobilização Social de Doação de Leite Humano. Todos os anos a data visa sensibilizar a todos sobre a importância do ato de solidariedade para ajudar crianças prematuras, de baixo peso, que estão internadas em unidades neonatais e não podem ser alimentadas diretamente pelas suas mães.

Durante muitos anos o valor da amamentação para mãe e filho foi desconhecido. Atualmente, compreende-se que essa prática gera diversos benefícios nutricionais, reforça o sistema imunológico, auxilia no desenvolvimento do sistema nervoso, emocionais e fisiológicos para o bebê e para a mãe, além de uma interação/relação afetiva entre ambos.

Não à toa, é consenso entre especialistas que o aleitamento deve ser mantido até o bebê completar, ao menos, 2 anos de idade. Contudo, fatores diversos podem comprometer esse momento especial. Quando a amamentação não pode ser realizada no seio materno, os bancos de leite se configuram como um suporte à dieta dos recém-nascidos.

Para Alessandra Maria Stefani, coordenadora de nutrição do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), de Curitiba (Paraná), cujo mantenedor é o Instituto Presbiteriana Mackenzie, o leite materno é o líquido mais precioso para o bebê. “Sua composição é balanceada e adequada para fornecer energia e nutrientes necessários tanto nas quantidades como na qualidade, que traz muitos benefícios para a criança”, prosseguindo: “para as mães que amamentam, traz benefícios importantes, como a menor chance de desenvolver câncer de mama, diminuição de riscos de osteoporose e anemia ferropriva, além de diminuição mais rápida de peso contraída na gestação”, ressalta.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o principal distribuidor e de coleta de leite materno no país. Sua Rede de Banco de Leite Humano (rBLH), é referência internacional no tema e conta com 225 bancos e 216 postos de coleta presentes em todos os estados, distribuindo mais de 160 mil litros de leite humano aos recém-nascidos. Tal qual os bancos de sangue, seus estabelecimentos enfrentam períodos de escassez dos estoques, sobretudo em época de férias, carnaval e, agora com a pandemia do Covid-19, com o número de doadoras caindo de maneira considerável.

Além de afetar o atendimento aos bebês, essa diminuição faz com que a oferta e demanda do leite fiquem em níveis muito próximos ou abaixo do necessário. De acordo com dados da Rede, de janeiro a abril de 2020, foram necessárias 58.274 doadoras para atender 70.259 receptores de todo o Brasil. O leite coletado foi na ordem de 78.685,7 litros, com distribuição de 56.139,9 litros.

Um pouco distante dessa realidade, o HUEM tem enfrentado outros desafios. O número de partos na maternidade da instituição aumentou 36%, o que acabou acarretando também uma maior demanda por leite humano do Banco de Leite do Hospital.

Em janeiro, foram 37 nascimentos e em fevereiro 47. O número subiu para 60 partos em março e disparou para 72 em abril. A média de 42 nascimentos por mês no primeiro bimestre passou para 66 no segundo. O aumento se deu porque a Maternidade Bairro Novo, equipamento da Prefeitura de Curitiba, precisou ser transformado temporariamente em unidade de atendimento a pacientes de baixa complexidade com suspeita da covid-19. Os partos e consultas que estavam agendados na maternidade municipal foram todos transferidos para o HUEM.

Mais bebês, menos doadoras

Enquanto a demanda por leite materno cresceu, o número de doadoras diminuiu durante a pandemia. Em fevereiro, no HUEM, havia 171 mulheres doando seu leite, número que diminuiu para 112 em abril. E a quantidade de recém-nascidos necessitando do alimento saltou de 44 para 74.

Além do fechamento da Maternidade Bairro Novo de Curitiba, outro fator contribuiu para aumentar a demanda do banco de leite. “Devido às restrições referentes ao combate ao novo coronavírus, as mães não estão entrando na UTI para amamentar seus filhos, que acabam precisando se alimentar com o estoque do banco de leite”, explica a coordenadora técnica da UTI neonatal do HUEM, a médica Juliana Baratella André Roveda.

Mesmo com a diminuição no número de doadoras, o que parecia impossível aconteceu: a produção aumentou. “As mães que continuaram doando entenderam a importância do momento e felizmente conseguiram aumentar a produção. Elas estão de parabéns por demonstrarem tamanha vontade de ajudar o próximo”, destaca a coordenadora da UTI neonatal.

A produção que foi de 146 litros em fevereiro aumentou para 174 litros em abril, o que possibilitou o atendimento de acordo com o aumento da demanda. “O leite materno é o melhor em digestibilidade, muito importante para o bebê para aumentar a imunidade e auxiliar a recuperação a ser mais rápida”, explica a enfermeira responsável pelo banco de Leite, Rosane da Silva.

Entre as doadoras, está a colaboradora do HUEM Elizangela Aparecida de Campos, mãe do Davi, de oito meses. A supervisora de engenharia do Hospital está doando seu leite desde março, exatamente o momento em que o banco de leite mais precisou.

“Além de ajudar outras mães e outros bebês, também é benéfico para mim, pois ao doar eu estou estimulando meu corpo a produzir mais. Caso eu ficasse o dia inteiro sem tirar leite, com o tempo, a produção começa a diminuir. Com bastante leite, vou poder amamentar meu filho por mais tempo”, destaca.

Quem pode ser doadora de leite humano?

Algumas mulheres quando estão amamentando produzem um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita que sejam doadoras de um banco de leite humano. Neste caso, algumas mães optam por ajudar a salvar vidas com o leite não consumido pelo seu bebê.

No entanto, não é necessário ter uma produção demasiada de leite para se tornar doadora e não existe quantidade mínima para a doação. É importante lembrar que um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. A depender do peso do prematuro, um (1) ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Além disso, a produção de leite humano obedece à lei da demanda, ou seja, quanto mais leite é retirado (para doação ou sugado pelo seu bebê), mais leite é produzido.

De acordo com a legislação RDC Nº 171, além de apresentar excesso de leite, a doadora deve ser saudável, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente a um banco de leite humano.

Para doar leite, basta entrar em contato com um banco de leite humano. Clique aqui e encontre a Rede de Banco de Leite Humano (rBLH) mais próximo de você.

Como doar para o banco de leite do HUEM

Para doar o leite excedente não é preciso sequer sair de casa. Equipes do hospital realizam visitas semanais por todos os bairros da Curitiba. Nas visitas, fazem orientações, entregam os frascos esterilizados e na semana seguinte coletam o leite armazenado.

As interessadas em colaborar devem ligar para o telefone (41) 3240-5117 para fazer o cadastro e agendar a coleta do leite. Os frascos coletados são testados e os que são considerados impróprios (cheiro de cigarro, azedo, com cabelo, etc.) são descartados.

Os leites que passam nos testes do cheiro, acidez e calorias são pasteurizados para eliminar todo tipo de contaminação.

Como coletar o leite humano para doação

Atualmente, 30% do leite humano são perdidos no processo de doação, entre a coleta e o recebimento pelo recém-nascido. Para evitar perdas, é necessário seguir corretamente o passo a passo da doação. Confira aqui como coletar o leite humano para doação.

Números de doação de leite humano e campanhas nacionais

Na Região Sul, o estado do Paraná coletou 8.662 litros de leite, distribuindo 4.741,7 litros, tendo 5.581 doadoras e 4.570 receptores, se destacando entre os outros estados. Já no Sudeste, o estado de São Paulo foi o que mais coletou no país, com 17.691,2 litros. Distribuiu 13.091,7 litros, de 13.238 doadoras, para 13.557 receptores. O Pernambuco, na Região Nordeste, se destacou com uma coleta de 3.490,8 litros, para uma distribuição 3.070 litros. Recebeu de 2.204 doadoras e beneficiou 3.587 receptores. Na Região Norte, o Acre está em primeiro lugar na coleta com 2.824,3 litros de leite, com uma distribuição de 478 litros, possibilitados por 286 doadoras e que beneficiaram 357 receptores.
*Volume em litros de leite humano (coletado e distribuído); número de doadora e de receptor de leite humano nos bancos de leite humano, são referentes ao período de janeiro a abril de 2020.

Para aumentar a doação são feitas mobilizações sociais que promovem e apoiam o aleitamento materno e a doação de leite humano. O ano todo são realizados eventos com essa finalidade – Dia Mundial de Doação de Leite Humano; Semana Mundial de Aleitamento Materno; Campanhas Nacionais de doação de leite materno; Semana Mundial de Aleitamento Materno – WABA; bem como campanhas regionais e de doação de fracos em estados e cidades brasileiras.

Para maiores informações e esclarecimentos acesse Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLHBR) ou Localização de Postos de Coleta pelo Brasil.

Redação

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