Um dos pioneiros a investigar pacientes com epilepsia e a realizar a terapia da Estimulação do Nervo Vago (VNS), o Instituto de Neurologia de Curitiba (Hospital INC) implantou o centésimo aparelho de VNS, tornando-se o único centro especializado do país a alcançar essa marca de neurocirurgias para este fim. Esse tratamento é eficaz para reduzir em média até 60 a 70% das crises epilépticas através de um marcapasso cerebral, um pequeno computador que ajuda a neuromodular a atividade cerebral. A depender da causa da epilepsia, o paciente pode chegar a ter um controle total das crises após ser submetido a esse procedimento.
Há 25 anos, o Hospital INC mantém a Unidade de Cirurgia de Epilepsia que se dedica a desenvolver estudos e o atendimento especializado, principalmente, de pacientes refratários ao tratamento convencional, realizado por meio de medicação. Há uma estimativa que 30% dos portadores de epilepsia são refratários ao tratamento e podem se beneficiar da cirurgia que retira ou controla o foco epiléptico, indicação que será determinada após investigação com exames médicos, como ressonância magnética e eletroencefalograma prolongado.
Dentre as pessoas com epilepsia que são resistentes aos medicamentos, ainda há aquelas que acabam apresentando um quadro mais grave, com perdas cognitivas e outras alterações neurológicas. “A doença acomete todas as classes, gêneros e idades. Mas com o tratamento correto, por meio do controle com medicamentos ou de cirurgia e aparelhos adequados, os pacientes podem levar uma vida normal”, explica o Dr. Bruno Takeshita, neurologista do Hospital INC, lembrando que técnicas mais complexas de estimulação cerebral ou do Nervo Vago já fazem parte do rol da ANS (Agência Nacional de Saúde) e Anvisa e são cobertas pelos planos de saúde.
Purple Day
Para conscientizar a população sobre a prevenção, o tratamento e o estigma da epilepsia, todos os anos, o Hospital INC realiza o Purple Day, uma ação para debater e desconstruir os tabus sobre a doença. Neste ano, o evento foi realizado no sábado (25), na filial do INC no Pátio Batel, e contou com uma programação de palestras e roda de conversa aberta ao público.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 5% da população terá, pelo menos, uma crise epiléptica na vida. E de acordo com o Ministério da Saúde, entre 0,5% a 1% da população é diagnosticada efetivamente com epilepsia. Os sintomas são comuns à maioria das pessoas: perda de consciência acompanhada de uma possível queda que, por sua vez, é seguida de espasmos involuntários pelo corpo todo, salivação pela boca e, muitas vezes, tensão entre os dentes e mordidas na língua. As convulsões podem estar ligadas a quadros como tumores, AVCs e sangramentos intracranianos, alterações genéticas e outras.
Se tratada corretamente, é possível evitar grandes prejuízos à rotina do paciente e a sua capacidade cognitiva. “De uma forma geral, a epilepsia é caracterizada por eventos súbitos e passageiros, mas pode se apresentar de diversas maneiras, como a pessoa ficar confusa por poucos segundos, às vezes, os membros podem dar uns choques (movimentos mioclônicos) ou até um formigamento nos braços e pernas”.