Hospital realiza estudo com mães adolescentes para identificar impactos da gestação precoce

A gravidez na adolescência é um desafio preocupante à saúde pública em todo o mundo e, em especial, no Brasil. Segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC, houve em 2020 mais de 380 mil filhos de mães adolescentes (até 19 anos) – faixa etária considerada de alto risco para as gestantes, fetos e recém-nascidos. A ocorrência desses casos impacta diretamente no agravamento de problemáticas sociais, biológicas e psicológicas nas mães, sendo a gravidez na adolescência um grande desafio não só à saúde pública, mas a sociedade como um todo.

O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), lidera, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), e em parceria com o Ministério da Saúde, o projeto “Adolescentes Mães – O impacto da gravidez precoce”, responsável por avaliar adolescentes mães (entre 10 e 20 anos incompletos) e seus filhos. O objetivo do estudo é avaliar e comparar o perfil e impacto biopsicossocial dessas jovens em relação a mães adultas (entre 20 e 30 anos incompletos), com enfoque maior nos casos de ansiedade e depressão. O projeto também será responsável por desenvolver vídeos, podcasts e cartilhas informativas sobre educação abrangente em sexualidade para conscientização da população.

Para o médico líder do projeto, Tiago Chagas Dalcin, os resultados, que devem ser divulgados no segundo semestre de 2023, serão de grande valia para o SUS. “O foco da pesquisa é a avaliação do impacto da gestação na saúde da adolescente e também no desenvolvimento do seu filho. É uma questão muito complexa que precisa ser melhor avaliada no Brasil. O impacto de uma gestação em uma adolescente é diferente de uma mulher que teve gravidez na vida adulta. Iremos medir também os impactos das gestações do ponto de vista econômico para o SUS. Os resultados serão valiosos para a saúde, uma vez que servirão de base à formulação de novas políticas públicas, já que a gravidez precoce é acompanhada por diversas mudanças sociais – como o aumento da mortalidade infantil, pobreza e abandono dos estudos”.

O especialista salienta que “há uma estreita relação entre a educação e gravidez precoce no Brasil. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) demonstram a maior frequência de gravidez em adolescentes de 15 a 19 anos sem escolarização do que naquelas com 9 a 11 anos de estudo. Por esse motivo, o trabalho educacional é necessário para a conscientização e, consequentemente, para a redução da taxa de natalidade por adolescentes no país”.

O programa também irá oferecer capacitação aos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde, Brasil inteiro, com o auxílio de 20 horas de aulas oferecidas na modalidade de educação a distância (EAD) e materiais informativos desenvolvidos por especialistas do Hospital Moinhos de Vento.

O Dr. Tiago Chagas Dalcin foi convidado para participar da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, promovida pelo Ministério da Saúde, onde teve a oportunidade de apresentar o projeto, no mesmo evento houve o lançamento da nova Caderneta do/da Adolescente. O evento foi gravado e está disponível no canal do DataSUS no YouTube.

Referências:

1.       Observatório da criança e do adolescente: Número de nascidos vivos de mães adolescentes – Observatório da Criança e do Adolescente (observatoriocrianca.org.br);

2.       Sociedade Brasileira de Pediatria: 21621c-GPA – Prevenção Gravidez Adolescência.indd (sbp.com.br).

Redação

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