Hospital São Paulo realiza primeira cirurgia de correção da encefalocele pelo SUS

Uma equipe de médicos-cirurgiões da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) realizou, no Hospital São Paulo, a primeira correção intrauterina de encefalocele pelo Sistema Único de Saúde (SUS), executada com o aporte das tecnologias de microscopia 3D e resolução das imagens em Full HD. O HSP atualmente negocia com o Ministério da Saúde (MS) a inclusão do procedimento no rol de cirurgias obrigatórias à população brasileira.

A gestante que participou da intervenção inédita procurou o serviço de neurossonografia do Departamento de Obstetrícia, após descobrir a condição de seu segundo filho em uma ultrassonografia de rotina. “A princípio, executamos uma avaliação cromossômica, a fim de verificar a existência de quaisquer defeitos genéticos, e o exame de ressonância magnética. O desdobramento dessa conquista será conhecido após o nascimento do bebê”, explica David Pares, professor associado da universidade, ginecologista e obstetra.

A prevalência da encefalocele é estimada em um caso para cada 35 mil a 40 mil nascidos vivos, uma malformação que acontece no momento do desenvolvimento do tubo neural do bebê. “Uma parte do tecido cerebral e das meninges se aloja fora da calota craniana, causando obstrução do fluxo do líquido cefalorraquidiano. Com isso, o recém-nascido sofre um sintoma bastante conhecido: hidrocefalia. A condição traz sofrimento fetal, com aumento da pressão intracerebral e lesão irreversível do cérebro”, destaca Pares.

De acordo com o docente, esse tipo de cirurgia já foi executado pela mesma equipe, constituída pelos professores Sérgio Cavalheiro e Antonio Moron, mas em um hospital privado. No Hospital São Paulo, a primeira operação intrauterina, esta para correção de outro defeito do tubo neural, a meningomielocele, aconteceu há mais de 10 anos, mas por falta de verbas de apoio não foi transformado num programa contínuo para assistência à saúde.

Caso seja incorporado ao SUS, o procedimento custará R﹩ 45 mil e a verba pode ser liberada ainda neste ano. O valor engloba equipamentos e, principalmente, insumos como anestesia. “Como 15% das crianças não sobrevivem cinco anos após a cirurgia pós-natal, o ideal é que a cirurgia intrauterina passe a figurar no rol de intervenções obrigatórias do SUS. Assim, todos que precisarem da cirurgia no país terão direito a ela, possibilitando o adequado desenvolvimento do sistema nervoso central dessas crianças”, conclui o professor da Unifesp.

Redação

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