Na segunda-feira (30), o Hospital São Vicente Curitiba (PR) teve a sua primeira cirurgia com a técnica HoLEP, sigla em inglês para Holmium Laser Enucleation of the Prostate (Enucleação da Próstata por Laser Holmium). Minimamente invasivo e sem cortes, o procedimento, feito pelo canal da uretra, é considerado um dos mais modernos do mundo para o tratamento cirúrgico de hiperplasia prostática benigna, mais conhecida por aumento benigno da próstata. Entre as vantagens está a diminuição de sangramento e a recuperação mais rápida do paciente.
Realizada por meio dos equipamentos MegaPulse 70 e o Piranha System, da Richard Wolf, adquiridos no fim do ano passado pelo Grupo Hospitalar São Vicente, a cirurgia foi feita em um paciente de 84 anos que tinha uma próstata volumosa, de 170 gramas – o tamanho normal é de 30 gramas, e sofria com os sintomas da doença, que causa obstrução para urinar, mesmo com uso de medicamentos. “A cirurgia foi bem-sucedida, com sangramento mínimo apesar do paciente usar antiagregante plaquetário (que evita coagulação do sangue) devido a problemas cardíacos. Uma das grandes vantagens dessa técnica é que permite retirar grandes volumes de próstata sem nenhum corte e não necessita da suspensão desse tipo de medicamento”, ressalta o urologista do Hospital São Vicente Curitiba, Dr. André Luiz Labegalini, que participou da cirurgia juntamente com o coordenador do Serviço de Urologia do Hospital São Vicente Curitiba, Dr. Thadeu Brenny Filho, e com o proctor Dr. Thiago Hota.
Com a técnica é possível tratar qualquer tamanho de próstata, desde as menores até as de maiores dimensões, que são aquelas com mais de 80 gramas, chegando até 200 gramas, sem a necessidade da cirurgia tradicional. “Dessa forma, conseguimos tirar maiores quantidades do adenoma, que é essa glândula aumentada que obstrui a saída da urina, sem cortes, evitando, muitas vezes, a necessidade de um novo tratamento depois de alguns anos”, detalha.
Dr. Labegalini esclarece que antes, para casos de próstatas muito grandes, o indicado era a cirurgia aberta, que ainda hoje é feita, mas para casos bem específicos. Há muitas diferenças entre as técnicas. O tempo de internação do paciente, por exemplo, na HoLEP costuma ser, em média, de 24 horas, porém, em muitos casos, o paciente recebe alta no mesmo dia. Na cirurgia tradicional, a hospitalização varia de três a sete dias. “Com a técnica HoLEP o paciente tem um menor tempo de internação, uma recuperação mais rápida e a retirada da sonda, que incomoda muito os homens, mais precocemente”, destaca o urologista.
Democratização da HoLEP
Dr. André Labegalini lembra que a tecnologia HoLEP já é utilizada em todo o mundo há alguns anos, mas no Brasil ainda é menos acessível devido aos altos custos dos equipamentos. “A aquisição dessa tecnologia pelo Hospital São Vicente permite uma democratização do acesso pelos pacientes de se realizar um procedimento com uma tecnologia que é de última geração”, afirma.
A hiperplasia prostática benigna atinge cerca de 50% da população masculina após os 50 anos, sendo que 30% acabam necessitando de cirurgia, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Os principais sintomas da doença são jato fraco, necessidade de esforço, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, aumento da frequência urinária e gotejamento na hora de urinar. “Inicialmente, tentamos tratamentos comportamentais e medicamentosos, mas em alguns homens o problema progride com piora dos sintomas, levando à necessidade de algum tratamento cirúrgico”, revela Dr. André Labegalini.