Hospitalar 2023: Anahp debate saúde baseada em valor

A Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) realizou no dia 24 de maio, um seminário sobre Saúde Baseada em Valor (VBHC – Value Based Health Care), com o objetivo de promover a reflexão e debater os principais desafios desse conceito no setor.

O evento, em parceria com a companhia farmacêutica Viatris, aconteceu durante a Feira Hospitalar 2023, um dos maiores encontros do setor realizado na capital paulista entre os dias 23 e 26 de maio.

Entre os destaques está a participação internacional de Melanie Snail, gerente da empresa suíça Executive Insight, que abordou suas iniciativas dentro do modelo VBHC, considerando os contextos político-econômicos de sua área de atuação, que engloba a Europa e o Oriente Médio.

A palestrante destacou a necessidade de implementação de um modelo alinhado aos desafios e especificidades do setor. Segundo Melanie, é fundamental que haja o esforço contínuo e ambicioso de todas as partes envolvidas no processo.

“Estamos nos confrontando com uma escala muito grande da falta de investimento na saúde. Na pandemia, todas as frentes se uniram para combater a crise sanitária que dominou o mundo, e é esse comprometimento que temos que ter agora para que possamos implementar o modelo VBHC”, frisa.

A especialista apontou, entre os principais desafios para o sucesso do modelo no Brasil – bem como ocorre no âmbito global –, questões como a falta de uma política de reembolso sustentável, atualização das dinâmicas dos sistemas e a utilização de critérios mais amplos nas negociações entre operadoras, hospitais e beneficiários, para que todos possam ser beneficiados.

“VBHC não é uma transformação individual de cada organização, mas sim de todo o sistema de saúde”, salientou.

Para a sócia-fundadora da Academia VBHC, Márcia Makdisse, que esteve presente apresentando os principais cases do modelo aplicado em organizações da América Latina, o momento atual requer uma mudança de paradigma, que só será possível com a construção de uma nova cultura em todo o sistema.

Márcia defende que a transformação direcionada por Valor é uma jornada que demanda investimentos por parte das organizações, a fim de criar o contexto que favoreça a implementação de VBHC, e isso inclui educação, relacionamento e sistemas de informação e comunicação mais eficientes.

“Uma ação conjunta e proativa de pagadores, prestadores, indústria e reguladores é necessária para enfrentar esses desafios e, sobretudo, da escalabilidade do modelo de saúde baseada em valor”, reforça.

O seminário teve sequência com a realização de um debate, que contou com a participação de Alexandre Fioranelli, diretor de Normas e habilitação dos Produtos na ANS, Maurício Nunes da Silva, diretor da ANS; Maurício Lopes, vice-presidente executivo da Rede D’Or São Luiz; Miguel Cendoroglo, diretor médico e superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein; e Renato Casarotti, vice-presidente de Relações Institucionais do UnitedHealth Group Brasil.

Moderados pelo diretor-executivo da Anahp, Antônio Britto, os especialistas debateram sobre os caminhos do VBHC na saúde suplementar no Brasil e destacaram, como um dos obstáculos mais importantes dessa jornada, a necessidade de atuar contra os desperdícios que ocorrem ao longo do processo.

Conforme Fioranelli, dificuldades com custos de maneira geral no setor podem impactar todas as partes. “Nem sempre o melhor gasto está associado ao melhor benefício ou ao melhor desfecho, é necessário que todos nós olhemos para esses dados a fim de encontrarmos soluções viáveis”, aponta.

A necessidade de promover uma transformação integrada, mantendo o paciente no centro do processo, também foi um dos principais pontos destacados ao longo deste encontro. Para Casarotti, cada uma das frentes deve olhar para o seu papel dentro do contexto da saúde suplementar com muita transparência e saber identificar as falhas para que se consiga chegar a um modelo ideal.

Complementando o especialista, Lopes acredita que a atual conjuntura do sistema, em que todas as partes têm suas dores não atendidas, aliada ao avanço na gestão de dados e recursos tecnológicos, podem ajudar na aceleração do processo.

“Sem dúvidas implementar o VBHC é um desafio bastante complexo, mas estamos em um momento que pede urgentemente essa mudança”, finaliza.

Redação

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