As notícias de incêndios estruturais em hospitais cresceram 38% até agosto deste ano. É o que revela levantamento do Instituto Sprinkler Brasil, organização sem fins lucrativos que tem como missão difundir o uso de sprinklers nos sistemas de prevenção e combate a incêndios em instalações industriais e comerciais no país. Por meio do monitoramento diário de notícias de incêndios nacionais, o Instituto capturou 28 ocorrências de janeiro a maio deste ano ante 21 registros no mesmo período anterior. Quando olhamos os mesmos oito primeiros meses de 2019, o aumento é ainda maior, saltando de cinco ocorrências, para 28 em 2022, salto de quase seis vezes em dois anos.
Os incêndios contabilizados pelo ISB incluem todos os “incêndios estruturais”, ou seja, incêndios em edificações, excluindo-se os incêndios residenciais. Acreditamos que incêndios em depósitos, hospitais, hotéis, escolas, prédios públicos, museus, e outros tipos de edificações podem ser minimizados com o uso de sistemas de sprinklers (chuveiros automáticos) para combate a incêndios.
“Os incêndios em hospitais são muito graves porque, diferentemente de outros tipos de ocupação, você não pode movimentar os pacientes verticalmente, no máximo movimentá-los em um mesmo pavimento. Em hospitais sem proteção contra incêndio adequada isso é impossível. O que vemos toda hora são pacientes sendo trazidos em macas para a rua, como num cenário de guerra, muitas vezes colocando em risco a vida dos pacientes. Isso não seria necessário se os hospitais tivessem áreas adequadas de resguardo em todos os pavimentos e sistemas de sprinklers para conter o fogo em uma pequena área”, explica Marcelo Lima, diretor-geral do ISB. “Em um país onde não temos hospitais em número suficiente para atender a população, não podemos nos dar ao luxo de interditar hospitais danificados por causa de incêndios”, completa.
São vários os motivos que nos proporcionam uma quantidade alta de incêndios, mas que começam com a falta de consciência da população e das autoridades. Para reverter o cenário, o Instituto Sprinkler Brasil publica informações sobre incêndios constantemente, prezando pela capacitação de profissionais e pelo progresso da área de incêndios nacional. “Por meio da disseminação do conhecimento, conseguiremos buscar mais e melhores respostas aos desafios que temos encontrados permanentemente em segurança contra incêndio”, conclui Marcelo Lima.
Mapa de Incêndios – Com o objetivo de manter os profissionais do setor atualizados, fazendo com que previnam erros similares, a instituição acaba de disponibilizar, em seu site, o Mapa de Incêndios, ferramenta que oferece as estatísticas anuais de ocorrências noticiadas pela imprensa. O recurso apresenta, de forma dinâmica e visual, os edifícios comerciais e industriais atingidos pelas chamas por todo o Brasil, com link de direcionamento para a matéria publicada na mídia. Os filtros disponibilizados permitem aos usuários refinar as buscas por estado, ano, mês ou tipo de ocupação do caso apurado. Confira a nova funcionalidade acessando o endereço eletrônico: bit.ly/315FqUv.
Uso de sprinklers ainda é tímido
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos junto a empresas multinacionais e de capital nacional com mais de 250 funcionários a pedido do ISB, revelou que o grau de adoção de sprinklers nas empresas é baixo. Apenas 36% das 300 companhias entrevistadas pelo Ipsos disseram contar com sistemas deste tipo em suas instalações.
O levantamento mostrou ainda que apenas 14% das entrevistadas disseram contar com sistema deste tipo em todas as suas unidades e 22% declararam contar com o sistema em apenas algumas unidades operacionais.
O estudo detectou que o uso de sprinklers é maior entre as multinacionais. 48% das empresas estrangeiras, com operações no país, ouvidas pelo levantamento, disseram ter sprinklers em suas operações. Entre as empresas nacionais, o índice é de 34%.
O porte também influi na aderência a este tipo de tecnologia. O índice de uso sprinklers em empresas com mais de 500 funcionários é de 45%. Entre empresas menores, com 250 a 499 funcionários, o percentual é de 28%.