Índices de aleitamento materno crescem no Brasil, indica Ministério da Saúde

Dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) 2020, do Ministério da Saúde, indicam que, no último ano, 53% das crianças brasileiras foram amamentadas no primeiro ano de vida, sendo mais de 45% delas alimentadas exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses.

Os números apontam para um crescimento em comparação aos inquéritos anteriores. Em uma avaliação dos últimos 34 anos, entre 1986 e 2020, houve um aumento de cerca de 1,2% ao ano no índice de amamentação exclusiva em crianças de até seis meses de idade.

Para o Dr. Hamilton Robledo, pediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, o fato reforça a importância de campanhas como a do Agosto Dourado, que incentiva o aleitamento materno por meio de uma série de ações que promovem os benefícios da prática à saúde da mãe e do bebê.

O médico, que também integra o Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria São Paulo (SPSP), explica que o leite materno é o alimento mais completo para as crianças, atendendo a todas as necessidades nutricionais necessárias.

“O leite da mãe é a primeira vacina do bebê, contribuindo para reduzir em 13% a mortalidade infantil nos primeiros 5 anos de vida”, frisa.

O especialista destaca, a seguir, as principais vantagens da amamentação tanto para a mãe quanto para o bebê. Confira!

Para o bebê

– Reduz cólicas devido à fácil digestão;

– Previne anemia, sendo rico em ferro;

– Reduz o risco de desenvolvimento de doenças respiratórias, como bronquiolite, asma, gripe e resfriado;

– Fortalece o sistema imunológico, prevenindo quadros de infeções;

– Ajuda no desenvolvimento adequado da arcada dentária, evitando problemas na fala e com a respiração;

– Previne raquitismo e doenças reumáticas;

– Evita problemas gastrointestinais, pois protege a mucosa intestinal;

– Diminui risco de desenvolvimento de alergias alimentares, como à proteína do leite de vaca, por exemplo;

– Contribui para o desenvolvimento intelectual.

Para a mãe

– Ajuda a prevenir doenças como osteoporose e câncer de mama, do endométrio e do ovário;

– Auxilia na perda de peso após o parto;

– Previne hemorragias no útero e anemia;

– Diminui riscos de desenvolver diabetes e doenças cardíacas.

Além destes benefícios, o pediatra do Hospital São Camilo também explica que o ato de amamentar contribui para o fortalecimento do vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

“O leite materno é tão importante que a ONU e a Organização Pan-Americana de Saúde [Opas], apoiadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria, recomendam iniciar a amamentação nos primeiros 60 minutos de vida, como forma exclusiva de alimentação até 6 meses de idade e de maneira complementar, quando possível, até os 2 anos de idade”, destaca.

Com o objetivo de estimular essa prática, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo adere à Campanha Mundial de Amamentação iluminando as fachadas das unidades Santana, Ipiranga e Pompeia de dourado durante todo o mês de agosto.

A Instituição também abordará o tema no decorrer do mês, divulgando conteúdos em suas redes sociais e canais de comunicação interna, promovendo o debate e a informação a todos os seus públicos.


 

Leite materno evita que bebês tenham infecção no ouvido

Crianças alimentadas com leite artificial têm maior incidência de otites, segundo pesquisas, o que pode causar perda auditiva e afetar o desenvolvimento da fala e do aprendizado

Já se sabe que o leite materno é um alimento indispensável para a criança. E neste mês, conhecido como Agosto Dourado por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação, é importante ressaltar que doenças crônicas, alergias – e até a Covid-19 – podem ser evitadas ou terem os riscos reduzidos graças à amamentação. O leite materno aumenta a imunidade. Contém anticorpos e proteínas que reduzem os riscos de infecções e inflamações, como a otite, por exemplo, que causa muita dor ao bebê e noites sem dormir.

Duas pesquisas realizadas no Paraná investigaram a ocorrência de otite em crianças amamentadas e não amamentadas no peito; a alimentação com leites artificiais; e a relação entre otite e a postura do bebê na hora de mamar. Embora seja um tema controverso, muitos pediatras recomendam às mães não dar o peito ou a mamadeira com o bebê deitado porque isso pode facilitar com que tanto o leite ingerido quanto uma possível regurgitação da criança parem na trompa auditiva, podendo servir de transporte para vírus e bactérias até a orelha, causando otites.

Um dos estudos, coordenado pelas pesquisadoras Francis Oliveira; Raquel Colombo e Cristiane Gomes, do Centro Universitário de Maringá, foi feito com 59 mães de bebês com até dois anos de idade. A investigação mostrou que a incidência de otite foi maior em crianças entre 13 e 24 meses, por causa de fatores como a introdução de leite artificial oferecido em mamadeira e em posição deitada. As fonoaudiólogas alertaram para o perigo do desmame precoce.

Outra pesquisa, feita pelas fonoaudiólogas Luciana Marchiori e Juliana Melo, na Universidade do Norte do Paraná, também comprovou a proteção que a amamentação no peito oferece contra as infecções na orelha. O artigo, intitulado ‘Resultados Timpanométricos: Lactentes de Seis Meses de Idade’, traz os dados da pesquisa. Dos 46 bebês avaliados, 30 foram submetidos à amamentação exclusiva com leite materno, enquanto 16 não. Todos passaram por exames para detecção de alterações sugestivas de otites na orelha. Entre os que mamaram apenas no peito, a timpanometria foi normal em 90% dos casos. Entre os bebês que não tiveram amamentação exclusiva, apenas 50% deles tiveram timpanometria normal.

A proteção oferecida pelo aleitamento materno é ainda mais importante porque é sabido que na primeira infância muitas crianças apresentam perda auditiva devido às infecções na orelha. O problema é mais grave nos casos das otites de repetição, variados períodos em que as crianças não escutam bem – ora escutam, ora não. Nestes casos, a perda auditiva, mesmo que seja leve e temporária, prejudica a decodificação dos sons, podendo causar prejuízos no desenvolvimento da fala, da linguagem e na aprendizagem.

“O processo de maturação do sistema auditivo central ocorre durante os primeiros três anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste período de maior plasticidade cerebral é imprescindível, já que para o aprendizado da linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvimento intelectual, emocional e de habilidades, é preciso que as crianças consigam interagir com seus pais e familiares e, assim, possam estabelecer novas conexões neurais”, pontua a fonoaudióloga Rafaella Cardoso, especialista em Audiologia na Telex Soluções Auditivas.

A boa notícia é que os índices de aleitamento materno estão aumentando no Brasil, de acordo com o ‘Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani)’, coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Foram avaliadas 14.584 crianças menores de cinco anos, em todo país, entre fevereiro de 2019 e março de 2020 e os resultados mostraram que a prevalência de amamentação exclusiva em bebês com até quatro meses saltou de 4,7%, em 1986, para 60% neste período. Já entre os menores de seis meses, o índice aumentou de 2,9% para 45,7%; um avanço significativo mas ainda longe do ideal.

Leite materno também protege contra a Covid

Pesquisa recente realizada em São Paulo pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com 218 mulheres que testaram positivo para a Covid-19 em algum período da gravidez, mostrou que as mamães infectadas não transmitem o vírus para seus bebês.

Em um dos casos, os pesquisadores comprovaram que o colostro de uma mulher, que estava com Coronavírus ao dar à luz, tinha anticorpos capazes de anular o ataque do vírus. A pediatra Fabíola Suano de Souza, que participou do estudo, confirma. “A Covid-19 não é transmitida por meio da amamentação nem durante a gestação”.

Redação

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