Inteligência artificial e soluções digitais vão melhorar equidade e acesso à saúde em 2023

Em uma análise global sobre o que esperar para o futuro da saúde digital, o Boston Consulting Group (BCG) e o BCG X, unidade de construção e design de tecnologia da consultoria, abordam tópicos que vão definir o setor. Segundo o estudo “The Future of Digital Health 2023”, muitas tendências de saúde que foram inspiradas – e estimuladas – pela pandemia continuarão a ganhar força em 2023, como, por exemplo, o atendimento à domicílio.

Isso porque, nos últimos anos, a tecnologia se mostrou essencial para manter a saúde de pacientes que, por alguma razão, não poderiam ir até a clínica ou hospital, e o atendimento digital facilitou o acesso a consultas. Filipe Mesquita, diretor executivo e sócio do BCG, acredita que os avanços tecnológicos do setor foram importantes para prestadores de serviço e pacientes. “Vimos um avanço digital forçado pela pandemia, mas essa necessidade trouxe mudanças que deverão ser mantidas no setor. A tecnologia de hoje transformou a forma de atender e acompanhar pacientes, causando um impacto real para eles, cuidadores e médicos”, diz o executivo. Como consequência, serviços domiciliares e fora do ambiente hospitalar devem continuar com crescimento relevante, cada vez mais centrados no paciente e alavancando a tecnologia.

Segundo o BCG, as ferramentas digitais ainda vão melhorar a equidade na saúde ao longo dos próximos anos, expandindo o acesso, permitindo tratamentos mais personalizados e eliminando barreiras geográficas. O uso de inteligência artificial e análise de dados, por exemplo, tende a melhorar a qualidade do cuidado, que será suportado por informações sobre o paciente. A consultoria aponta que a IA generativa, como ChatGPT, será uma aliada para essa questão: ela poderá contribuir de forma ampla, fornecendo desde análises e geração de ideias para as áreas de pesquisa e desenvolvimento, até respostas para pacientes, fazendo uma triagem de sintomas ou direcionando um plano de tratamento personalizado para cada caso.

“Acreditamos que o setor ainda tem potencial para avançar muito com a tecnologia, por isso é importante reforçar a necessidade de evoluir a arquitetura digital de forma adequada às necessidades da indústria, com uma maior integração de sistemas. Além disso, o maior uso de dados dos pacientes será um grande transformador, mas exige uma atenção redobrada com barreiras de segurança virtual”, afirma Mesquita.

A saúde da mulher também terá avanços. Existem diversas empresas tentando mudar a forma como mulheres recebem apoio, tratamento e como cuidam de si mesmas. A expectativa do BCG é de progresso nas áreas de fertilidade, atendimento comunitário, apoio a populações carentes, opções alternativas de parto e serviços de saúde mental projetados exclusivamente para elas.

Requisitos para competitividade também serão impactados

A análise do BCG mostra também que a competitividade no setor da saúde digital ficará por conta dos ecossistemas – e não dos players de forma isolada. Serão bem-sucedidos aqueles que oferecerem a melhor solução por meio de um ecossistema de parceiros (prestadores, pagadores e outros players de saúde) que incorporem dados, nuvem, dispositivos e infraestrutura digital.

A consultoria aponta, também, que o foco de investimento das healthtechs, empresas relacionadas a tecnologias de saúde, mudará da procura por crescimento de receita para a lucratividade, e a principal busca de investidores será por empresas que já ofereçam um modelo de negócios com maior robustez e sustentabilidade financeira. A pesquisa afirma que à medida que os investidores recuam ligeiramente, a tendência é que aumentem as parcerias, fusões e aquisições entre as startups de saúde: esse movimento permitirá que produtos que antes lutavam para ganhar escala se expandam de forma mais agressiva.

Outros requisitos relevantes são a maior transparência de custos e a crescente necessidade de soluções baseadas em resultados, com evidências e estudos do “mundo real”, aumentando a exigência para a adoção de produtos e serviços da saúde digital. Outro desafio é a área de compliance: profissionais de produtos e soluções digitais precisam adotar diferentes leituras de regulamentos, garantindo conformidade com a legislação local.

“O ano trará desafios para o setor, mas investimentos em tecnologia e saúde digital podem destravar oportunidades relevantes de mercado para os próximos anos, e será positivo para aqueles que souberem aproveitar as oportunidades do mercado. Vencer não significa ter apenas uma ótima oferta de produto ou serviço, mas fazer escolhas sábias sobre como trabalhar com parceiros de tecnologia, onde investir e entender quais são as prioridades dos pacientes”, finaliza Mesquita.

Para conhecer mais tendências e insights apresentados pelo BCG para o futuro da saúde digital, acesse o relatório completo, em inglês, no site da consultoria.

Redação

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