O cuidado com o paciente passa por diferentes ciclos, do sintoma inicial até a cura da doença. No entanto, há casos em que um paciente fica em tratamento por um longo período, como, por exemplo, em pacientes com câncer metastático. Nesse caso, o tratamento é constante, sem previsão de alta. É preciso trabalhar para aliviar o sofrimento das pessoas, independente de qual seja a doença. Esse é o trabalho realizado pela equipe de Cuidados Paliativos do Hospital Sírio-Libanês, indicados para pacientes com câncer, soropositivos, doenças cardíacas, amputação de membro ou qualquer outro problema que, por algum motivo, provoquem sentimentos que podem afetar fisicamente o paciente.
Reconhecendo a dor como um problema que pode ser físico, social, emocional ou espiritual, os médicos e profissionais atuam para aliviar desde a falta de ar, cefaleia e náusea até ansiedade, insônia, medo, angústia e insegurança. “Muitas vezes, os pacientes ainda precisam lidar com mudanças bruscas de vida que chegam junto com a doença, como a perda de emprego ou questões ligadas à espiritualidade”, explica Dr. Daniel Forte, coordenador de cuidados paliativos do hospital.
Formada por uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas, o programa já atendeu mais de 1500 pacientes. Eles são oferecidos em paralelo ao tratamento sem custos extras para os pacientes internados no hospital. Os cuidados paliativos são indicados pelo médico no momento certo, por isso a interação com a equipe médica que acompanha o paciente e a família é fundamental. “Uma comunicação clara e franca entre o paciente, a família e os médicos sobre o diagnóstico e as opções de tratamento de qualquer doença é muito importante para definir estas questões”, complementa o Dr. Daniel Forte.
A humanização no tratamento está justamente na maneira como a equipe avalia e aplica o plano terapêutico nos campos emocional, físico, social e até mesmo espiritual, afinal, todas essas áreas devem estar em harmonia para que o paciente se sinta bem. “A ideia é evitar procedimentos invasivos desnecessários. Também deve ser descartada a chamada “futilidade terapêutica”, que é a indicação de medicamentos que não trazem benefício real, podendo algumas vezes causar mais danos ao paciente. O principal foco é fornecer o alívio à dor e a outros sintomas como astenia, anorexia, dispneia e outras emergências”, completa.
Os cuidados paliativos também servem para cuidar e apoiar os familiares das pessoas que sofrem destas doenças, ao oferecer apoio em relação a como devem ser os cuidados, a resolução de dificuldades sociais e para uma melhor elaboração do luto, pois situações como dedicar-se ao cuidado de alguém ou lidar a possibilidade de perder uma pessoa querida são difíceis e podem causar muito sofrimento nos familiares. “É importante entender que os cuidados paliativos não desejam adiar a morte, e sim, propõem permitir que a doença incurável siga o seu percurso natural, e para isso, oferece todo o apoio para que qualquer sofrimento seja evitado e tratado, gerando um fim de vida com dignidade”.
O médico também destaca que uma implementação adequada do serviço diminui as despesas das unidades hospitalares entre 30% e 50%, evitando hospitalizações e intervenções desnecessárias. Um paciente em cuidado paliativo acaba liberando um leito de internação. Além de atender os pacientes internados, a equipe de suporte e cuidados paliativos do Sírio-Libanês está disponível para consultas na área de Medicina Avançada. O atendimento também pode ser feito fora do ambiente hospitalar.