Um estudo do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), desenvolvido a partir de entrevistas com 1.111 enfermeiros, mostra a dimensão da síndrome de burnout entre os profissionais da área. Do total, 79,03% deles disseram ter baixa realização profissional; 20,57% apresentaram exaustão emocional; enquanto 24,13% manifestaram despersonalização, que é o distúrbio mental que gera sentimento de desconexão entre o corpo e os pensamentos.
Diante da relevância do cenário evidenciado, o estudo do IQG recebeu elogios dos revisores e foi aceito para ser apresentado durante um dos mais importantes eventos internacionais na área da qualidade, a 39ª Conferência Internacional da ISQua (Sociedade Internacional de Qualidade em Saúde), que ocorrerá em Seul, na Coreia, entre 27 e 30 de agosto.
A pesquisa foi feita em seis hospitais brasileiros, entre privados e públicos, que possuem Certificação por Distinção do Serviço de Enfermagem, conferido pelo IQG, nos estados de Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. O objetivo foi mostrar o quanto as condições de trabalho nos serviços de saúde impactam diretamente no desempenho desses colaboradores, em especial a sobrecarga de trabalho, que é muito presente no dia a dia de quem atua nesse setor.
O método utilizado para a entrevista foi o Maslach Burnout Inventory (MBI), um dos instrumentos mais conhecidos para estudar a síndrome de burnout, que avalia como o profissional vivencia seu trabalho a partir de três dimensões conceituais: exaustão emocional, realização profissional e despersonalização.
“Existe uma preocupação cada dia maior com o adoecimento mental desses trabalhadores, por isso a necessidade de mudanças importantes no ambiente de trabalho”, destaca a CEO do IQG, Mara Machado. De acordo com ela, o reconhecimento, o desenvolvimento profissional e a compreensão do protagonismo da enfermagem são medidas essenciais.
Atendimento de urgência e emergência são os mais desafiadores
O estudo do IQG apontou, ainda, que profissionais entre 1 e 3 anos de formação são os mais impactados: 19,56% deles indicaram exaustão emocional, 23,14% despersonalização e 74,66% baixa realização profissional.
Outro dado importante diz respeito à área de trabalho que se apresenta mais desafiadora, que é o atendimento de urgência e emergência: 24,83% dos que atuam nesse setor dizem ter exaustão emocional, enquanto 30,16% possuem despersonalização e 81,44% possuem baixa realização profissional.
Em relação ao cargo, na dimensão de exaustão emocional, 20% são administrativos, 17,77% da área assistencial e 18,42% atuam em gestão; na dimensão de despersonalização, 17,78% são administrativos e 18,20% são assistenciais; na dimensão da baixa realização profissional, 93,33% dos profissionais administrativos e 69,52% são assistenciais.
Os profissionais que atuam na área administrativa e na terapia intensiva pediátrica/neonatal dizem possuir baixa realização profissional: 85,33% e 90%, respectivamente. Além disso, a pesquisa mostrou que ter mais do que um vínculo de trabalho demonstra alto risco de exaustão emocional (18,91%) e despersonalização (21,53%) para os enfermeiros.