Medicina humanizada depende de gestão e de todos profissionais que atuam na saúde

Eleger a humanidade como um valor no tratamento é um desafio para profissionais que atuam na área da saúde, gestores, hospitais, clínicas e instituições da área, e por isso foi tema abordado no IRCAST, PodCast do Centro de Treinamento em Cirurgias Minimamente Invasivas (IRCAD América Latina), voltado para pessoas que se interessam por assuntos ligados ao dia a dia de profissionais da saúde. Disponível nas principais plataformas digitais, como Spotify, Deezer, Apple e Google, o canal conta com participação de especialistas reconhecidos no Brasil e no mundo.

Com a participação do diretor de desenvolvimento institucional do Hospital de Amor de Barretos (SP), Henrique Moraes Prata Filho, e do médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, curador do projeto humanidade na saúde do Américas Serviços Médicos e membro da Academia Nacional de Medicina – Dr. Ricardo Cruz, o episódio abordou sobre as principais diferenças entre a medicina humanizada e a tradicional, como os profissionais se preparam para isso e como é aplicada em hospitais, clínicas e centros cirúrgicos.

Segundo Cruz, o conceito de medicina humanizada é bastante antigo, mas no Brasil a humanização teve destaque muito grande através de um projeto implantado em 2000 pelo Ministério da Saúde, com o intuito de promover uma nova cultura de atendimento que priorizasse o paciente e seus familiares e não somente focasse na doença em si, “Por isso é importante destacar que a medicina humanizada não depende somente do médico e sim de toda a equipe que trabalha no atendimento, todos os profissionais da saúde e os que trabalham na gestão. Defendemos um paciente que precisa de vários profissionais que devem conversar entre si, então, o termo mais adequado é a interdisciplinaridade e o que vem mais adequado dessa ação é a transdisciplinaridade, em que projetos conjuntos são feitos visando sempre o melhor para o paciente”, disse.

Prata atrela a recuperação da medicina humanizada em razão do que aconteceu nas décadas de 50 e 60, com a criação de grandes centros hospitalares e o afastamento do paciente do seu médico cuidador principal, onde nesses grandes centros hiperespecializados o paciente passava a transitar em diferentes especialidades e ser visto por muitos profissionais durante o dia, “Isso foi o que  deteriorou a relação médico paciente e o que fez com que décadas depois passasse a se buscar o que existia antes, que era o olhar do médico para seu paciente, uma identificação maior de alguém que não fosse apenas um profissional que cuidasse do paciente por instantes, mas que houvesse uma identificação nessa relação e também um olhar maior para a pessoa, onde o paciente deixasse de ser um número ou o código”, destacou.

Prata ainda lembrou que a política nacional de humanização preconiza, inclusive,  o chamamento pelo nome e destacou sobre estudos que mostram que pacientes internados em um hospital oncológico são vistos, em média, por até 16 profissionais diferentes por dia.

“No Hospital de Amor , essa sempre foi a medicina praticada, com meus avós, e desde os primeiros médicos, foi a forma elegida para se praticar a medicina e se cuidar, e todos os profissionais, seja da cozinha, da beira do leito do paciente e do administrativo. Nossa preocupação sempre foi muito grande até com nossa equipe, no que se refere ao acolhimento do paciente. Nós temos treinamento, inclusive para termos um olhar acolhedor quando encontramos com pacientes nos corredores do hospital, e isso é treinamento, feito há 59 anos, sempre foi assim e elegermos a humanização como um valor na nossa forma de cuidar foi a decisão mais acertada em todos esses anos, pois acreditamos que isso altera completamente o resultado dos tratamentos. Humildade, acolhimento, compaixão, empatia fazem parte do nosso DNA”, finalizou.

A série de PodCasts do IRCAD está disponível em todas plataformas digitais.

Redação

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