Medicina Integrativa avança como uma nova abordagem para cuidar da saúde

É cada vez mais evidente a necessidade de se discutir novas formas de lidar com a saúde. Foi-se o tempo em que existiu uma competição entre medicina alopática, convencional, antroposófica, homeopatia, ou qualquer outra ciência; ou até mesmo com as práticas milenares, como yoga, ayurveda, Tai Chi, entre outras.

As medicinas tradicionais, complementares  e Integrativas (MTCI), que vêm sendo validadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), propõem exatamente a junção de tudo isso e inserem práticas integrativas aos procedimentos convencionais. Olhar para o paciente como um ser complexo, único e mais amplo e ressignificar a relação entre a doença e a cura estão entre esses novos caminhos propostos pela prática, que merece ser olhada com atenção no Dia Mundial da Saúde.

As últimas décadas registraram um crescimento do reconhecimento das medicinas tradicionais, complementares e integrativas (MTCI), como são chamadas, no mundo. Até 1999, apenas 25 Estados-membros da OMS tinham uma política nacional de regulação sobre o tema, 45 tinham legislação nacional e 65 países contavam com regulações específicas quanto a plantas medicinais. Em 2021, 98 dos 194 Estados-membros já tinham estabelecido uma política nacional, 109 possuíam uma legislação e 124 países apresentavam regulações sobre plantas medicinais nas seis regiões do mundo. O órgão recomenda que todos os governos incluam o método à rede pública. Os dados são do site Medscape que reúne informações médicas e estudos científicos.

Plínio Cutait, coordenador do Núcleo de cuidados Integrativos e da pós-graduação em cuidados integrativos do Hospital Sírio Libanês, explica que é crescente o número de pacientes nos hospitais que querem ser olhados e cuidados em sua integralidade e não somente com foco na doença.

“As pessoas esperam ser olhadas e tratadas como um todo, e não somente em suas partes, seu rim, seu estômago, como faz, por exemplo, um mecânico com as peças de um carro. Elas querem e devem ser observadas na totalidade: corpo, mente, suas energias , suas relações, espiritualidade, tudo que as compõe”, enfatiza.

Segundo ele, isso representa uma quebra de paradigmas, pois a medicina convencional se apaixonou pelo tratamento da doença, por conta de um grande crescimento nas últimas décadas  da indústria farmacêutica, dos meios de diagnóstico, da tecnologia e de procedimentos e técnicas cirúrgicas muito avançadas. Hoje conjuga-se mais rotineiramente o binômio “tratar a doença + cuidar da pessoa em sua integralidade”.

É exatamente isso que a abordagem integrativa procura resgatar por meio de valores importantes como: integralidade, preservação da saúde e o autocuidado. “As práticas integrativas têm, em sua maioria, origem em práticas orientais que têm como propósito o autocuidado e a preservação da saúde em sua integralidade. Em geral, não são técnicas para cuidar de doenças e nem do outro e, sim, de nós mesmos. Ou seja, convidam para uma experiência de buscar um olhar e um estado mental capaz de nos aproximar de quem somos. Afinal, experiência é o que acontece dentro de nós e não fora”, esclarece.

Dra. Ana Paula Cury, Médica formada pela UFMG e pós-graduada em Medicina Antroposófica, membro da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica e da Sociedade Antroposófica no Brasil, complementa que todo adoecimento sempre tem um significado e um propósito sábio que precisa ser investigado e ressignificado. E que, mais do que eliminada, a doença precisa ser compreendida para se poder apoiar o organismo mobilizando suas forças de cura.

Segundo ela, a análise do corpo de uma pessoa, por mais detalhada que seja, não leva à compreensão de sua vida de pensamentos, sentimentos, impulsos e ações. E, não considera, por exemplo, a relação que a doença tem com o momento de vida do paciente naquele momento. “Existem doenças nas quais se tornaram fisicamente manifestas facetas do ser interior multidimensional do paciente, que deixam de ser consideradas por esta forma de abordagem. É aí que justamente surge a necessidade de uma ampliação da arte de curar. Não se trata de negar o mérito da ciência médica convencional, nem de se opor a ela, mas reconhecê-la e agregar às suas conquistas o que se pode fazer mediante um olhar holístico capaz de perceber o homem em suas outras dimensões e as relações entre elas”, reforça a médica.

Inclusive, devido à importância e amplitude desse tema, Cutait e Ana Paula participarão de um painel intitulado “Medicinas e abordagens integrativas, vários caminhos para nossa saúde integral”, que acontece em 18 de outubro, em São Paulo, durante o SER Longlife Learning, que será promovido Transamérica Expo Center. Mediado por Helena Galante, jornalista e criadora do podcast Jornada da Calma, o painel contará ainda com a participação Dr. José Ruguê Ribeiro Jr., Médico especialista e representante em Ayurveda.

“Existem rotas diferentes, mas que são convergentes. E, o propósito é o mesmo. Podemos olhar para todas as possibilidades da medicina integrativa. Existem profissionais sérios que estudam a fundo as suas áreas e encontram maneiras diversas de observar a nossa existência inteiramente. Embora seja uma abordagem mais complexa, é também mais autêntica. Aliás, somos complexos e precisamos de tantos pontos para sermos integrados e isso faz parte de um movimento de expansão de consciência”, reforça Helena Galante.

Redação

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