Menos de 35% das brasileiras acima de 45 anos fizeram mamografia este ano

O câncer de mama é o segundo tipo mais comum entre as mulheres brasileiras, com número inferior apenas ao de pele. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país deverá registrar mais de 66 mil casos em 2021, mas com um diagnóstico precoce as chances de cura aumentam significativamente. Uma das ferramentas mais importantes para realizar a detecção da doença em estágios iniciais é a mamografia.

Apesar da importância do diagnóstico precoce, um levantamento conduzido pela FEMAMA – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama – com 1.264 mulheres, no Brasil todo, aponta que apenas 26% das mulheres no país já realizaram uma mamografia este ano, até o dia 1 de novembro. Entre as que não possuem plano de saúde, o número cai para 15%.

Considerando as faixas etárias que apresentam risco maior de desenvolver a doença, o resultado ainda é mais alarmante: entre as mulheres de 45 a 55 anos, apenas 33% fizeram o exame no período, enquanto entre participantes a partir de 56 anos o índice é 31%.

A principal justificativa dada por quem não realizou a mamografia foi não ter conseguido atendimento no SUS (25%), medo de contaminação pelo novo Coronavírus (24%, sendo que 20% afirmam que pretendem marcar o exame em breve) e medo de encontrar alguma coisa (6%).

“Os dados coletados no levantamento são muito preocupantes e precisam servir como alerta. O diagnóstico precoce do câncer de mama é de extrema importância para que a mulher tenha mais chances de cura, e a demora na realização dos exames de rastreamento pode levar, nos próximos meses, a um aumento no número de casos em estágios mais avançados e de difícil tratamento”, diz Dra. Maira Caleffi, Presidente Voluntária da FEMAMA. “Apesar de a pandemia de Covid-19 ainda não ter acabado, é de extrema importância que as mulheres, seguindo os protocolos de segurança, realizem a mamografia”.

Fatores de risco e “As Três Perguntas que Salvam”

A FEMAMA também perguntou às mulheres se elas estão atentas a outros dois cuidados com a saúde que são considerados fatores comportamentais de risco para o câncer de mama. Por isso, a pesquisa, além de questionar se “você já fez sua mamografia esse ano”, também trazia as perguntas: “você tem controlado seu peso?” e “você tem feito atividade física regularmente?”.

De acordo com o Inca, cerca de 13% dos casos da doença em 2020 no Brasil (aproximadamente 8 mil ocorrências) poderiam ter sido evitados pela redução de fatores de risco relacionados ao estilo de vida, em especial, da inatividade física. No entanto, 60% das entrevistadas afirmam não realizar exercícios regularmente.

Entre as que não praticam atividades físicas com frequência, a maioria – 27% – diz não ter tempo em sua rotina, 23% têm preguiça ou não gostam, 11% afirmam já fazer muito trabalho doméstico que equivalem a exercícios e 9% não têm acesso a um local adequado para essa finalidade.

Já em relação ao controle do peso, 64% responderam ‘sim’ à questão. As mulheres que responderam ‘não’ a essa pergunta afirmam que a ansiedade tem dificultado a regulação de seu peso (30%) e que a pandemia prejudicou esse controle (17%). Não ter acesso a um profissional nutricionista pelo SUS foi citado como justificativa por 14% das mulheres.

A FEMAMA e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomendam a realização anual da mamografia regular a partir dos 40 anos em mulheres assintomáticas, para aumentar as chances de um diagnóstico precoce e a redução da mortalidade. Já o Ministério da Saúde indica atualmente a realização bianual a partir dos 50 anos, excluindo dos programas de rastreamento a faixa de mulheres entre 40 e 49 anos), responsável por cerca de 15-20% dos casos de câncer.

O levantamento foi realizado pela FEMAMA de forma online, entre os dias 22 de setembro e 1 de novembro, com participação de 1.264 pessoas do sexo feminino e fazia parte da campanha de Outubro Rosa da Federação, que pode ser consultada em detalhes no site.

Redação

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