Mulheres têm mais dificuldade em chegar ao fim do tratamento contra drogas

Além do aumento do uso de drogas entre as mulheres, estudos do Instituto Greenwood revelam que o poder destrutivo da dependência química apresenta consequências muito diferentes em comparação aos pacientes do sexo masculino. Em função de diferenças relacionadas a aspectos biopsicossociais dos gêneros, o psiquiatra e diretor da Clínica Greenwood, Pablo Miguel Roig, defende que a adicção química de mulheres deve ser tratada com um programa terapêutico específico para esse público. Com isso, serão maiores as chances de sucesso no tratamento.

De acordo com o trabalho, a enfermidade tende a progredir mais rapidamente nas mulheres que acabam sofrendo com a discriminação da sociedade. Outro ponto a se considerar é que o tratamento para adicções foi criado historicamente para atender pessoas do sexo masculino. Por isso, a iniciativa de tratamento deverá considerar aspectos inerentes à realidade feminina, como maternidade, gravidez, além de incluir assistência às crianças e orientação jurídica e social. O processo de recuperação também terá de contemplar fatores que afetam a vida das pacientes, como violência doméstica, traumas sexuais, preconceitos e vitimização pelos parceiros.

A adoção de estratégias específicas no ajuste do tratamento às necessidades dos dois gêneros é fundamental para que a recuperação do dependente químico seja efetiva, defende Pablo Roig, fundador da Greenwood. “É importante desenvolver técnicas apropriadas que considerem as condições das pacientes e programas específicos para o período pós-internação.”

A conclusão é resultado de pesquisa de medicina baseada em evidências que avaliou o histórico de atendimento de 187 internações da clínica nos últimos cinco anos. Do total de pacientes atendidos, 144 são do sexo masculino e 34 do feminino, sendo que quatro foram submetidas a reinternações. Outro dado mostra que as mulheres apresentaram maior incidência de comorbidades, ou seja, apresentavam outros problemas associados ao diagnóstico principal, como a depressão (20%) e o transtorno de personalidade borderline (26%). Em contrapartida, nos pacientes do sexo masculino, a frequência de “comorbidades aparentes” é mais baixa, o que explica a maior eficiência da atual proposta de tratamento nos homens.

Na análise, os profissionais também observaram que as mulheres não responderam de forma satisfatória ao tratamento e enfrentaram dificuldades em segui-lo e frequentemente se envolveram em conflitos dentro do próprio grupo. Observou-se também que as pacientes conseguiram, com uma frequência bem abaixo dos homens, chegar ao fim do tratamento.

O levantamento foi realizado no local que apresenta características de alta complexidade no tratamento de adictos, com profissionais de diferentes áreas e recursos terapêuticos interativos. Sediada em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, a clínica foca nos tratamentos especializados propiciados pela internação voluntária. A integração de múltiplos especialistas permite cuidados permanentes ao paciente que visam a recuperação de consciência para exercício de livre arbítrio sobre o desenvolvimento de estratégias de autocontrole diante das compulsões.

Redação

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