Pneumonia, infecções virais, malária e desnutrição estão entre as principais causas de atendimento hospitalar de povos indígenas no Hospital Bom Pastor. Localizado em Guajará-Mirim, Rondônia, na fronteira com a Bolívia, a unidade atua como referência para 54 aldeias da região, das quais cerca de 90% só é acessível por meio fluvial.
Distante dos centros urbanos, a unidade própria da Pró-Saúde, atende uma população de mais de cinco mil indígenas, com realização de consultas, exames, cirurgias, partos e internações. Em 2022, quase 25% das internações realizadas foram de pacientes indígenas, principalmente para tratamentos clínicos, obstétricos, ginecológicos, pediátricos além de partos.
O índice permite traçar as características mais relevantes das necessidades deste público. “Na pediatria, a maioria dos pacientes busca assistência para problemas gastrointestinais, respiratórios, desnutrição e para tratar picadas de animais peçonhentos”, conta Geraldo Elvio, diretor Hospitalar.
Em relação à clínica-geral para adultos, a maioria busca auxílio em decorrência de problemas respiratórios, como pneumonia e bronquiolite, diarreicos, infecções virais e do trato urinário, além de malária. “Há também muitos casos de desnutrição, principalmente em pacientes idosos. São problemas diretamente relacionados com os hábitos de vida nas aldeias e dentro da floresta”, explica Juan Carlos Boado, diretor Técnico.
A unidade também atua como a única maternidade do município, assim, todas as gestantes são diretamente encaminhadas ao Bom Pastor, inclusive as indígenas. No ano passado, dos 786 partos realizados, 159 foram de pacientes indígenas.
Respeito à cultura
No mês em que é celebrado o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas (07/02), o Hospital Bom Pastor ressalta a relevância de incorporar o entendimento e o respeito à cultura indígena na assistência humanizada, fortalecendo o vínculo com seus pacientes e a comunidade.
Entre as ações desenvolvidas no hospital, ganham destaque a presença de três técnicos em enfermagem indígenas, com fluência no dialeto para facilitar a comunicação, serviço de nutrição voltado aos hábitos alimentares indígenas, e horta medicinal, para atender a cultura das aldeias com tratamento fitoterápico.
A unidade também conta com outras adaptações especialmente para acolhimento dos povos originários, como instalação de redes nas enfermarias, horário livre para visita e a permissão para mais de um acompanhante, quando liberado pelo médico e enfermeiros.
“Podemos destacar ainda o ambiente com uma oca indígena, construída para humanizar o atendimento dos pacientes e visitantes, buscando trazer para dentro do hospital um local próximo do vivido nas aldeias”, complementa Geraldo. “Eles conhecem nosso trabalho, se sentem acolhidos e seguros em nos procurar”, ressalta o gestor.