O esgotamento dos profissionais da saúde pode ser sanado com apoio do digital na atenção primária?

Nesta quarta-feira (25), terceiro dia do maior evento de saúde da América Latina, representantes do setor da saúde do Brasil e do Reino Unido ficaram frente a frente para debater expectativas, obstáculos e soluções na implementação de inteligência artificial, e softwares de dados para um cuidado com mais foco no paciente e menos na patologia.

Estiveram presentes nesse encontro Juliana Caires, Gerente Regional Latam de saúde e ciências do Governo Britânico como moderadora da mesa redonda “Estratégias Digitais em Atenção Primária no Brasil e no Reino Unido”. Os painelistas foram Romeu Côrtes Domingues, presidente executivo do Conselho de Administração da DASA; Jyoti Mehan, CEO da Health Care First Partnership; Mark Baumfield, head of international and assistant Director da Royal College of General Practitioners; e Vincent Sai, group CEO partner da Modality Partnership.

Antes da pandemia de Covid-19, o atendimento presencial era a opção prioritária, seguido do contato telefônico. No entanto, com o surgimento da telemedicina, os pacientes passaram a ter um papel mais ativo no cuidado da sua própria saúde. Jyoti Mehan, CEO da Health Care First Partnership, especialista em estratégias digitais na atenção primária, destaca os desafios enfrentados ao adotar tecnologias digitais. “A população está envelhecendo e apresentando um maior número de comorbidades e doenças crônicas. Além disso, há uma sobrecarga na força de trabalho, com profissionais deixando o setor devido ao esgotamento. Garantir a segurança e confiabilidade dos sistemas digitais também é uma preocupação constante”, exemplificou.

O Papel da Tecnologia na Assistência Primária

Mehan explica que um sistema foi desenvolvido para avaliar questões críticas e fornecer um pacote abrangente de cuidados, facilitando a coordenação do atendimento de saúde. Embora isso pareça uma história fantástica, não foi sem seus desafios. “A primeira questão é a segurança, garantindo que os sistemas digitais estejam funcionando corretamente e sejam confiáveis. Ainda há um longo caminho a percorrer para encontrar a estratégia ideal”, ponderou a CEO da Health Care First Partnership.

Existem oportunidades de sinergia entre a medicina e a tecnologia que ainda não foram exploradas, Vincent Sai, group CEO partner da Modality Partnership, ressalta a importância de trabalhar com profissionais que acreditam na cultura da atenção primária e em melhorar a experiência do paciente. “Na América Latina, há uma consciência crescente entre os médicos que valorizam seus pacientes. Existem oportunidades para uma maior sinergia dentro da assistência primária e entre os profissionais que buscam melhorar a qualidade dos cuidados. No entanto, ainda é necessário encontrar soluções para o baixo número de profissionais dispostos a enfrentar esse desafio”, ressaltou.

Pontos de atenção

Romeu Côrtes Domingues, presidente executivo do Conselho de Administração da DASA, destaca dois pontos cruciais que merecem atenção. O primeiro é a interoperabilidade de dados, ou seja, a capacidade de compartilhar informações entre diferentes sistemas e operadoras de saúde. O segundo ponto é a conscientização da população sobre a importância da prevenção e do tratamento contínuo. “É fundamental combater a cultura de desconfiança e estabelecer um relacionamento sólido entre os profissionais de saúde e os pacientes”, diz.

A digitalização na atenção primária à saúde traz consigo desafios e oportunidades. A tecnologia tem o potencial de melhorar a qualidade dos cuidados tanto para médicos quanto para pacientes. No entanto, é fundamental enfrentar os desafios relacionados à segurança, escassez de profissionais e interoperabilidade de dados. Por meio de esforços colaborativos, podemos avançar em direção a uma medicina humana, precisa e efetiva, aproveitando os benefícios que a tecnologia pode oferecer.

Redação

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