O nascimento de um bebê saudável: como a medicina pode ajudar?

Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento. Crédito: Leonardo Lenskij

A gravidez se tornou uma decisão cada vez mais consciente e planejada com o passar dos anos. E os fatores, conhecidos e diversos, passam pelo poder de escolha da mulher de querer ou não querer ser mãe, de desenvolver o lado profissional primeiro e até mesmo por consolidar uma relação estável mais tarde. Da mesma forma, alguns homens também optam pela paternidade tardia – muitas vezes, pelas mesmas razões das mulheres.

Com o avanço da medicina reprodutiva, engravidar após os 35 anos é cada vez mais comum entre as brasileiras. Segundo um levantamento de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento de 63% nas gestações de mulheres de 35 a 39 anos, considerando os últimos dez anos que antecederam a pesquisa.

Se por um lado engravidar mais tarde é um bom recurso para o planejamento familiar a longo prazo, por outro, a preocupação com a saúde dos bebês gestados por esses casais tem sido crescente. Coordenadora do Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento, a ginecologista e especialista em reprodução assistida Isabel de Almeida relata que uma das primeiras dúvidas que aparecem dos futuros papais que procuram o centro diz respeito aos exames que podem ser feitos para garantir um embrião saudável.

Apesar de a especialista ressaltar que não há garantias absolutas quando se trata de uma gravidez, hoje existem exames como o Painel Genético de Portador que permite identificar se os pais são portadores de diversas doenças genéticas. Se identificada essa condição, os embriões fecundados in vitro podem ser testados, antes da transferência para o útero, prevenindo a doença no recém nascido.

Além disso, a idade materna avançada está muito relacionada à maior incidência de síndrome cromossômica nos bebês. “Se fôssemos analisar os embriões fecundados com os óvulos de uma mulher de 35 anos, em torno de 30% apresentam alterações. Quando analisamos os vindos de mulheres com mais de 40 anos, até 85% dos embriões apresentam alterações”, explica a médica.

Doenças genéticas

Entre as doenças genéticas que ganharam repercussão, está a Atrofia Muscular Espinhal (AME). Recentemente, apelos de pais e mães ganharam espaço na imprensa e nas redes sociais em campanhas para custear o tratamento milionário capaz de conter a doença. Segundo estudos do Instituto Nacional de Atrofia Muscular Espinhal (Iname), a AME é a maior causa de mortalidade genética infantil.

“Há pessoas que sabem que são portadoras do gene para alguma patologia e, por isso, vão ao centro com os parceiros para avaliar a predisposição dessas doenças aparecerem nos filhos. Alguns casais, porém, não sabem que existe a possibilidade da testagem”, relata Isabel. Com uma amostra de saliva da mãe e do pai, é possível analisar a predisposição genética para mais de 500 doenças, explica.

No caso de apenas uma pessoa do casal ser portadora do gene, não há necessidade de fazer a testagem embrionária. Já se os dois apresentarem o gene para a mesma patologia, no caso da AME, por exemplo, a chance de o bebê ter a doença é de 25%. Por isso, os embriões do casal podem ser testados, para que somente os saudáveis possam ser implantados.

“Não existe um teste para tudo, a gente consegue hoje ir aumentando cada vez mais o leque de possibilidades de diagnóstico pré-implantacional. Ainda assim, sempre vai haver uma margem de risco que a gestação comporta”, elucida a médica. Com os avanços da tecnologia dos exames, é possível que as próximas gerações deixem de carregar a herança genética para doenças graves, caso esse conhecimento e serviço seja difundido.

Redação

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