“Durante a pandemia, os protocolos determinam que as cirurgias devam ser classificadas de acordo com o nível de prioridade, mas simplificar este assunto pode ser perigoso. É preciso saber que os tumores cerebrais, muitas vezes, se tornam emergências, com a criança tendo que ser operada sob o pior quadro clínico de suas condições neurológicas”, alerta Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico.
De acordo com o médico, que foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas siamesas do Ceará, estudos realizados durante a pandemia relataram uma redução de 31% no número de neurocirurgias pediátricas.
Crianças com tumores cerebrais representam uma população frágil exposta aos efeitos indiretos da pandemia de Covid-19. A pouca familiaridade com os sinais clínicos neurológicos e o medo dos pais em expor a criança ao ambiente hospitalar contribuíram para explicar a precariedade clínica das condições do paciente no momento do diagnóstico.
“A avaliação do melhor momento para uma neurocirurgia pediátrica deve considerar uma ‘janela de oportunidade’. Os resultados adversos surgem de forma consistente, quando essa ‘janela’ ou oportunidade é perdida”, explica Dr. Ricardo, comentando que cirurgias para correção da mielomeningocele e encefalocele são inevitáveis e não devem demorar para serem realizadas, assim como outros procedimentos. O atraso no tratamento cirúrgico pode impactar nos resultados.