Pensar na saúde dos idosos significa pensar no futuro do Brasil

O Brasil caminha para a terceira idade e precisa se preparar ainda mais para garantir o acesso aos serviços que possam promover e garantir uma qualidade de vida que inclua trabalho, educação, lazer e, principalmente, saúde.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2055, o número de pessoas com mais de 60 anos irá superar a presença de brasileiros com até 29 anos. A expectativa de vida também será maior e, segundo projeções da ONU (Organização das Nações Unidas), a expectativa de vida ao nascer no Brasil subirá para 81,2 anos até 2050.

Na área da saúde, além de serviços que garantam o atendimento à população da terceira idade, é necessário que os profissionais sejam capacitados e possam proporcionar qualidade e eficiência na assistência. No município de Mogi das Cruzes, região metropolitana do Estado de São Paulo, desde 2016 a população conta com uma unidade voltada aos serviços de fisioterapia e reabilitação de idosos.

Inaugurada em setembro daquele ano, a UnicaFisio realizou mais de 96 mil atendimentos no período de três anos de gestão pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, entidade filantrópica e sem fins lucrativos com 52 anos de atuação na área de gestão em saúde.

Para o diretor Executivo-Geral da Pró-Saúde, Miguel Neto, esse modelo de serviço como a UnicaFisio deveria ser um modelo existente em todas as cidades do país. “Claro, existem unidades de fisioterapia e reabilitação de idosos semelhantes a UnicaFisio em outras regiões, mas o modelo que implantamos também torna a unidade um espaço de convivência e socialização. Essa percepção permite auxiliar a recuperação e aumenta a conexão do idoso com a sua comunidade”, diz.

As origens de uma unidade pensada para atender idosos

A criação da UnicaFisio surgiu em um momento importante na história do município. Dados do IBGE, de 2014, apontavam que Mogi das Cruzes era a cidade com a maior população de idosos da região do Alto Tietê, que envolve dez cidades. Ao todo, das cerca de 118 mil pessoas com mais de 60 anos, quase 40 mil estavam em Mogi.

Segundo o diretor Corporativo de Operações da Pró-Saúde, Danilo Oliveira da Silva, é imprescindível pensar na saúde dos idosos com o envolvimento de equipes multidisciplinares, atendimento humanizado e ações que possam valorizar a pessoa na terceira idade. “Pensar na saúde dos idosos é pensar na saúde do futuro do Brasil. Os idosos são economicamente ativos e buscam cada vez mais o conhecimento e, principalmente, viver mais e melhor”, lembra.

Silva enumera as ações realizadas pela UnicaFisio. “Além da fisioterapia, que incluem atividades físicas e de hidroginástica, os idosos contam com aulas de dança, informática, atendimento nutricional, oficinas de artesanato e até exercícios voltados para a memória”. Na área de reabilitação, o idoso tem acesso ao tratamento de cinesioterapia, um conjunto de atividades físicas que demandam ação muscular do paciente, mecanoterapia, realizado com aparelhos, além de eletroterapia, termoterapia e fisioterapia respiratória.

Durante os três anos de gestão dos serviços realizado pela entidade filantrópica, por meio de contrato de gestão com a Prefeitura do Município de Mogi das Cruzes, a assistência em fisioterapia alcançou o número de 69.105 atendimentos. No caso da hidroginástica, foram 6.902 aulas e, os cursos e oficinas envolvendo artesanato e informática, ao todo somam 6.357 atividades.

A percepção da importância desse trabalho é feita diariamente em parceria com os idosos, que são incentivados a contribuir com sugestões e até críticas que podem melhorar o atendimento. Mensalmente, a unidade mede a satisfação com os serviços e neste ano, no período de janeiro a agosto, a média ficou em 99%.

Empoderando idosos e seu papel na comunidade

Joemal Arnold, responsável técnica da UnicaFisio e colaboradora desde a inauguração da unidade, conta que a interligação dos atendimentos é um diferencial, que promove ainda a socialização dos idosos por meio de eventos que reúnem usuários do serviços, familiares e funcionários. “Os eventos são uma forma de integrar os idosos, incentivando a participação familiar e fortalecendo os laços afetivos”, resume.

Assim corrobora o aposentado Hidenobu Hyodo, 72 anos, que desde 2017 é uma das pessoas atendidas pela UnicaFisio. Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que o fez perder o movimento das pernas, a unidade se tornou um segundo lar. “No início, andava de cadeira de rodas, agora, já larguei a bengala. Reconquistei minha autonomia. Toda semana participo das aulas de informática. A sensação é que aqui é minha segunda casa”, acrescenta.

Em todo o mundo, um dos principais desafios é incluir e valorizar a população idosa. Estima-se que hoje, a cada 10 pessoas no planeta, uma delas tenha mais de 60 anos. O Dia Internacional do Idoso, instituído pela ONU, busca sensibilizar a sociedade sobre importância de política públicas que possam inserir uma melhor assistência e atenção as pessoas na terceira idade. No Brasil, a data também foi adotada e estabeleceu o dia 1º de outubro como o Dia Nacional do Idoso, de acordo com a Lei nº 11.433.

Na UnicaFisio, as oficinas promovem um novo significado para essa valorização. Nas atividades de artesanato, onde homens e mulheres idosos aprendem sobre crochê, tricô, pintura e tear, os materiais produzidos são doados para o Fundo Social de Solidariedade de Mogi das Cruzes, que destina as doações para as pessoas mais carentes.

As oficinas ressaltam o valor dos idosos para a comunidade e os itens, que vão desde pano de prato, cachecóis, mantas e casaquinhos para bebês, criados entre 2018 e o primeiro semestre de 2019, proporcionaram a doação de mais de 2,2 mil peças.

O exemplo de trabalho realizado pela UnicaFisio, que estimula o empoderamento e protagonismo da pessoa idosa, permite uma reflexão sobre o futuro da assistência em saúde. “Devemos agir para fortalecer esse modelo de trabalho que realizamos em Mogi das Cruzes, que traz resultados relevantes para a vida dos pacientes, em especial dos idosos. As iniciativas promovem o empoderamento da capacidade de atuação da terceira idade em nossa sociedade”, finaliza o diretor Executivo-Geral da Pró-Saúde, Miguel Neto.

Redação

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