A piora nas condições de trabalho e o excesso de atividades, com jornadas cada vez mais longas e número crescente de atendimentos realizados, comprometem a qualidade de vida do médico catarinense. Pesquisa do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC), realizada em parceria com o SEBRAE-SC, mostra que 60,7% dos médicos concordam total ou parcialmente com a afirmação “me sinto a cada dia mais estressado com meu trabalho”. O levantamento, com aplicação de questionários realizada em dezembro, contou com a participação de 1041 profissionais de 111 diferentes municípios e representantes de 54 especialidades. A análise dos dados foi feita pela FOCO, especializada em pesquisas de opinião.
“O quadro apresentado pela pesquisa é bastante preocupante e exige máxima atenção das entidades representativas da categoria, dos gestores públicos e da sociedade. O médico, que é essencial para a promoção da saúde, enfrenta problemas que comprometem muito a sua própria qualidade de vida”, diz o presidente do CRM-SC, Eduardo Porto Ribeiro.
Os dados apurados nas entrevistas confirmam. Mais da metade (55,4% do total) dos médicos disseram que enfrentaram piora nas condições de trabalho nos últimos anos. O percentual dos que passaram a ganhar menos chegou a 60% – isso apesar de 64,9% dos entrevistados informarem que atendem mais pacientes hoje em dia. O índice de profissionais com jornada acima das 41 horas semanais é de 54,6% – e apenas um em cada três consegue se manter atuando com um vínculo de trabalho (enquanto 31% têm três vínculos empregatícios ou mais).
“Importante lembrar que os médicos – ao lado de outros profissionais de saúde – enfrentaram desafios enormes nos últimos anos, muitas vezes colocando a própria saúde em risco para atender à população mesmo no auge da pandemia do Coronavírus. Na época houve um reconhecimento do valor do médico, mas o cenário de atuação profissional não melhorou – ou até piorou”, diz Ribeiro.
Segundo ele, o diagnóstico da situação deve servir de alerta para a discussão de mudanças. A criação da carreira de estado para o médico, o investimento contínuo em infraestrutura e o controle e limitação na oferta de vagas em cursos de medicina são algumas das ações há anos defendidas pelos profissionais.