4 de fevereiro – Dia Mundial Contra o Câncer

Caso de Pelé revelou a importância de proporcionar conforto e qualidade de vida para pacientes que sofrem com a doença

A palavra paliativo vem de paliar, que significa proteger. Tem origem no latim pallium, quer remete ao manto de proteção que os cavaleiros das Cruzadas usavam para se amparar das tempestades. É esse o sentido que se evoca nos cuidados paliativos. O termo chamou atenção quando veio a notícia de que o Pelé estava sob sem os tratamentos tradicionais, como quimioterapia, e só sob os paliativos.

Mas ao contrário do que se acredita, esses cuidados são recomendados desde o início do tratamento. “Quando se fala o ‘paciente é paliativo’ denota-se que não existe mais nada do que pode ser feito. Mas é errado. Os cuidados paliativos somam-se aos tratamentos intensivos (como radio ou quimioterapia), para que o paciente tenha uma jornada mais leve e melhor qualidade de vida”, explica a oncologista Isabella Tavares. “E isso se estende a familiares e cuidadores”, completa a médica.

Os tratamentos podem incluir medicamentos, terapia nutricional, fisioterapia e técnicas de relaxamento, acompanhamento psicológico e ainda aconselhamentos emocional e espiritual. Na prática, os cuidados aliviam sintomas como náusea, dor, fadiga, além de ajudar a controlar o estresse do câncer e a lidar com o lado emocional da doença. Isso inclui uma equipe multidisciplinar, com médico, enfermeiro, assistente social, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico, dentista, por exemplo.

Reconhecimento

No caso de câncer de pulmão avançado, por exemplo, o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, explica que um tratamento sistêmico (quimioterapia, imunoterapia e terapia direcionada), radioterapia e cirurgia podem ser usados paliativamente para retardar a propagação do câncer e controlar sintomas como dor ou falta de ar. “Se houver um acúmulo de líquido nos pulmões, por exemplo, vários procedimentos podem drenar o líquido e ajudar a evitar que ele se acumule novamente”, afirma o médico, presidente do Instituto Oncoclínicas e da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC).

O oncologista conta que o tratamento pode ser usado em qualquer estágio para melhorar a qualidade de vida do paciente e não significa perder a esperança. “Na verdade, o tratamento paliativo pode ajudar algumas pessoas com câncer de pulmão avançado a viver vidas satisfatórias com sintomas mínimos por meses ou até anos”, afirma.

Isabella Tavares conta que pessoas que recebem cuidados paliativos têm menos dor, depressão, náusea e falta de ar, passam menos tempo em terapia intensiva e são menos propensos a voltar ao hospital. Esse foi um dos motivos a levou a criar o Projeto Vencendo o Câncer, um curso com orientações e apoio para pessoas que estão vivendo e convivendo com a doença. “O conteúdo foi pensado para trazer informações seguras, de forma acolhedora, tornando o processo mais suave não só para o paciente, mas também para cuidadores, família e amigos”, diz a Isabella.

A indicação de tratamentos paliativos vem crescendo no mundo todo e vários estudos apontam que quem conta com esses cuidados têm uma jornada mais tranquila. Prova disso é que a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) recomenda que todos os pacientes com diagnóstico de câncer avançado sejam encaminhados para uma equipe de cuidados paliativos em até oito semanas após o diagnóstico.

Redação

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