Mais de 80% dos casos de câncer de pulmão no mundo estão associados ao consumo de tabaco e derivados. No Brasil, a doença é a segunda mais comum entre homens e mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma.
Nos últimos anos, novas terapias trouxeram respostas mais animadoras. O médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal, participa de pesquisas científicas com biomarcadores, que têm contribuído para o diagnóstico e tratamento mais preciso dessa doença.
Essas proteínas, genes e outras moléculas provocam modificações nas células. Com isso, os cientistas conseguem identificar a presença de células cancerígenas e mensurar sua gravidade. O oncologista Ramon de Mello integrou o primeiro estudo europeu de vida real do grupo de pesquisa em Portugal, em 2012. O trabalho realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, pesquisou 20 desses biomarcadores com possibilidade de risco e prognóstico do câncer do pulmão. “A pesquisa conseguiu demonstrar que uma dessas variações, precisamente o polimorfismo do EGG+61, trazia risco adicional de diagnóstico da doença na população local”, explica o médico.
“As descobertas ajudam a entender o desenvolvimento desse tumor, bem como promover o avanço de medicamentos capazes de inibir a proliferação de células cancerígenas, específicas para determinadas doenças”, detalha Ramon de Mello.
A identificação dessa variação genética e molecular trouxe resultados positivos, inclusive com a criação de um novo medicamento já disponível para os pacientes brasileiros atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
“O emprego da classe de medicamentos desenvolvidos após esse estudo aponta resposta positiva em 60% dos casos. Com estudos similares no Brasil, podemos aprimorar o tratamento da nossa população, com medicamentos elaborados a partir dos estudos realizados aqui”, afirma Ramon de Mello.