Pesquisa revela dados sobre “Hipertensão do Jaleco Branco”

A Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) demonstrou ser um método altamente eficaz para diminuir a quantidade de tratamentos desnecessários em pacientes que têm a chamada “Hipertensão do Jaleco Branco”. Foi o que constatou a dissertação de mestrado em Saúde Coletiva, realizado na Unidade Federal da Bahia (UFBA), da farmacêutica Jéssica Nunes Moreno. O estudo, realizado entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019, detectou que 19,4% dos 134 pacientes analisados tinham diagnosticada hipertensão de forma incorreta. Isso porque, ao passar pela triagem nas Unidades Básicas de Saúde, eles sofriam elevações na Pressão Arterial.

Segundo o Dr. Alexandre Chieppe, diretor médico da MedLevensohn, a “Hipertensão do Jaleco Branco” consiste em uma fobia do paciente: quando ele se encontra em frente a um enfermeiro ou médico, por exemplo, há um pico de pressão arterial. “Isso faz com que, muitas vezes, pessoas que não necessitam de tratamento para hipertensão tenham um diagnóstico errôneo, causando mais problemas do que soluções para a saúde do paciente”, afirma o especialista.

“O MRPA, além de conferir aos pacientes autonomia, pode combater esse problema, já que a própria pessoa afere a pressão, durante um período determinado pelo profissional de saúde, em sua própria residência”, explica o Dr. Chieppe. No fim, calcula-se a média dos números monitorados e pode-se diagnosticar com muito mais certeza se o indivíduo tem ou não hipertensão arterial.

“Com esse método, podemos reduzir tratamentos desnecessários, já que a medicação só será receitada para os pacientes que realmente têm pressão alta”, explica a farmacêutica. A MedLevensohn desenvolveu um software totalmente voltado às necessidades da pesquisadora, que utilizou 28 aparelhos distribuídos pela empresa nas unidades de saúde da zona urbana de Vitória da Conquista (BA). Após a realização do exame na residência, o paciente devolve o aparelho MRPA na Unidade de Saúde.

Pesquisa pode inovar triagem no SUS

Além do MRPA, outro método de obtenção de médias pressóricas é utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS): a Monitorização Ambulatorial de Pressão Arterial (MAPA). No entanto, os benefícios do primeiro processo são evidentes. Os custos são muito mais baixos (os aparelhos podem ser de 70 a 80% mais baratos) e qualquer profissional de saúde treinado pode emitir o laudo (ao contrário do MAPA, em que um cardiologista é requerido).

Com isso, o MRPA pode levar a uma melhora significativa em todo o SUS: além de reduzir custos, tanto com dispositivos quanto com especialistas, ele agiliza encaminhamentos, já que os resultados são obtidos após as aferições, enquanto o outro método, por exigir um cardiologista, demora muito mais. “Encontrei pessoas que estavam há um ano na fila, aguardando apenas a assinatura do especialista para validar o laudo”, conta Jéssica.

Na prática, o MRPA confere ao paciente uma liberdade muito maior, já que ele mesmo mede e anota seus índices de pressão arterial. Isso, segundo estudos, aumenta a adesão ao tratamento. No caso do MAPA, a pessoa fica monitorada 24h, dia e noite, causando alterações na rotina da pessoa monitorada. Durante a pesquisa de Jéssica, os participantes foram orientados a medir a pressão arterial durante sete dias seguidos, três aferições pela manhã e três à noite, totalizando 42 medições e 14 médias.

“Em um país gigantesco como o nosso, em que três quartos da população utilizam o SUS, o MRPA pode melhorar muito o controle da hipertensão arterial, adesão ao tratamento e, também, reduzir custos desnecessários”, conclui o Dr. Alexandre Chieppe.

Redação

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