Pesquisadores investigam melhores formas de cultivo embrionário para refinar técnicas de reprodução assistida

Um estudo desenvolvido por médicos e embriologistas da clínica Origen joga luz sobre melhorias no cultivo embrionário nos tratamentos de reprodução assistida e acaba de ser publicado na revista JBRA Assisted Reprodution, publicação trimestral em inglês da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). A pesquisa teve início em 2019, foi conduzida por um dos fundadores da Origen, Selmo Geber (1955-2021), e buscou entender o comportamento dos diversos meios de cultivo de embriões buscando entender o que menos o afeta. Os resultados podem influenciar positivamente nos processos de reprodução assistida desenvolvidos na clínica.

Segundo a embriologista-chefe da Origen, Renata Bossi, MsC. e PhD. em reprodução humana, o estudo analisou o comportamento da osmolaridade. “Analisamos a relação de sais e água no meio de cultivo, nas diferentes situações: estufa úmida, estufa seca, óleo mais denso, óleo menos denso, meio de cultivo contínuo, meio de cultivo sequencial. Nosso objetivo é manter a osmolaridade mais uniforme, ou seja, uma menor evaporação da água no meio de cultivo, levando ao menor estresse no desenvolvimento embrionário. Nossa busca é melhorar o cultivo do embrião para um melhor resultado nos tratamentos de reprodução assistida”, explica.

O trabalho de pesquisa não envolveu embriões, nem pacientes. Os pesquisadores avaliaram somente os meios de cultivo, compararam quais foram as melhores opções entre eles e avaliaram como o embrião reagiria nas condições impostas. Um dos primeiros resultados observados pela equipe, segundo Renata Bossi, é que o óleo mais denso e a estufa mais úmida afetaram menos a osmolaridade (evaporação do meio de cultivo) e, possivelmente, levariam o embrião cultivado a uma carga menor de estresse. “Esse já é um indício considerado muito positivo para nós”, ressalta.

Time Lapse Associado a esse estudo, a equipe de médicos e embriologistas da Origen dá sequência às análises de morfocinética embrionária, por meio do uso da incubadora com time lapse chama Geri, da empresa australiana Genea Biomedx, adquirida em 2021 para melhorar ainda mais as condições de cultivo do embrião. Conforme explica a embriologista-chefe, “a lógica do cultivo com incubadora que tem sistema de vídeo time lapse é prolongar o cultivo sem expor o embrião”. “Na opinião da maioria dos grandes serviços de FIV do mundo esta é a melhor incubadora do momento. E foi um grande esforço do Selmo conseguir trazê-la para Belo horizonte”, afirma Marcos Sampaio

“Para que esse cultivo seja feito com sucesso, podemos aliar à essa tecnologia o estudo de osmolaridade que indicou o óleo mais denso e a estufa úmida como sendo as melhores condições para embrião se desenvolver. Isso porque associado ao sistema de inteligência artificial que a incubadora Geri oferece, podemos tentar melhorar os resultados e termos embriões de mais qualidade obtidos na reprodução assistida”, complementa.

A JBRA Assisted Reprodution  é uma publicação oficial da SBRA, da Rede América Latina de Reprodução Assistida (RedLara) e da Associação Brasileira de Embriologistas (Pronucleo) visando melhorar o atendimento de pacientes com infertilidade. “Divulgar nossas pesquisas científicas em veículos como a JBRA Assisted Reprodution é de suma importância para, não apenas validar o que temos pesquisado, mas para compartilharmos com a comunidade médica-científica as melhorias das técnicas que envolvem a medicina reprodutiva”, diz Renata.

Redação

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