PNI amplia grupo de acesso à vacina pneumocócica conjugada 13-valente

O Ministério da Saúde ampliou para 31 de agosto, em caráter temporário, o acesso gratuito a vacina pneumocócica conjugada 13-valente. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) também  incluiu novos grupos que poderão ser imunizados, entre eles pessoas com asma persistente moderada ou grave, fibrose cística (doença genética, crônica e progressiva que afeta múltiplos órgãos, como pulmões, pâncreas), cardiopatias crônicas, hepatopatias crônicas (que atinge o fígado) , doenças neurológicas crônicas incapacitantes (como Alzheimer, distrofia muscular e esclerose múltipla), trissomias como síndrome de Down, diabetes mellitus.

Disponível no PNI desde o final de 2019 para quatro grupos, como os pacientes com HIV, oncológicos e pacientes transplantados de medula e de órgãos sólidos, o imunizante já havia sido estendido temporariamente no começo deste ano para cardiopatas crônicos, pneumopatas crônicos, asplênicos, pacientes com implante coclear e pacientes imunodeprimidos por condição clínica ou por uso de medicamentos (doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide, lúpus, psoríase, etc).

A nova medida de ampliação de prazo e público permite mais acesso à vacina que atua na prevenção dos 13 tipos mais comuns da bactéria pneumococo. Trata-se da única vacina pneumocócica conjugada, licenciada para uso em todas as idades e com dados robustos quanto à capacidade de proteção e eficácia.

Os pacientes elegíveis, agora acima 12 de meses de idade, podem ter acesso à vacina Pneumocócica 13-valente por meio dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), presentes em todos os estados brasileiros. Caso a cidade onde a pessoa reside não tenha um CRIE, ela deve procurar um posto de saúde que fará a solicitação e disponibilizará o medicamento.

“Trata-se de uma medida efetiva de prevenção junto a um público que tem mais riscos para desenvolver quadros graves de doença pneumocócica. Muitos pacientes, e até mesmo profissionais de saúde, desconhecem o calendário vacinal totalmente gratuito disponibilizado pelo CRIE. Reverter este cenário é importante já que o país tem o serviço em benefício da população”, destaca a diretora médica da Pfizer, Márjori Dulcine.

“Diante do momento delicado em que se encontram os sistemas de saúde de todo mundo, a prevenção de outras doenças respiratórias por meio da vacinação pode permitir uma otimização do recurso em saúde, como recentemente salientou a própria Organização Mundial de Saúde”, complementa Márjori.

Doenças pneumocócicas

Apesar do atual cenário de envelhecimento populacional e da predominância de doenças crônicas degenerativas como causa de morte, as doenças pneumocócicas invasivas (DPI) ainda constituem uma das principais causas de mortalidade na América Latina, especialmente entre crianças, idosos e outras populações de risco para DPI. O Streptococcus pneumoniae, conhecido como pneumococo, é uma bactéria gram-positiva encapsulada, frequentemente encontrada na nasofaringe de indivíduos saudáveis. Possui mais de 90 sorotipos imunologicamente distintos. A doença pneumocócica pode ser classificada como invasiva ou não invasiva, sendo a primeira caracterizada pelos quadros de sepse, bacteremia, meningite e parte das pneumonias, enquanto a segunda corresponde a maior parte dos quadros de pneumonia, além de otites e sinusite.

Embora o risco de doença pneumocócica aumente com a idade mesmo em indivíduos saudáveis, ele é substancialmente maior em pessoas de todas as faixas etárias com certas condições clínica crônicas, como indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), diabetes, doença cardíaca crônica, doença hepática crônica e asma, oncológicos, pessoas vivendo com HIV/aids (PVHIV). Entre os adultos de alto risco, a incidência de doença pneumocócica invasiva pode ser 50 vezes maior quando comparado a um indivíduo saudável. Já a incidência de pneumonias comunitárias pode ser 19 vezes superior em comparação a adultos saudáveis.

A transmissão do Streptococcus pneumoniae acontece por meio do contato entre pessoas que contraíram a doença ou que estão colonizadas pela bactéria, mas não apresentam sintomas. A gravidade, a alta incidência e os impactos em todas os grupos etários fazem com que a vacinação seja uma estratégia importante na prevenção da doença pneumocócica, já que a vacina não protege apenas a saúde do imunizado, como também evita que ele transmita a doença para todos a seu redor.

Referências:

  1.                  World Health Organization (WHO). Pneumococcal conjugate vaccine for childhood immunization – WHO position paper. Wkly Epidemiol Rec. 2007. p. 93–104.
  2.                  Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Use of 13-Valent Pneumococcal Conjugate Vaccine and 23-Valent Pneumococcal Polysaccharide Vaccine for Adults With Immunocompromising Conditions: Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). Morb Mortal Wkly Rep. 2012;61(40):816–9.
  3.                  Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Brasília: Ministério da Saúde; 2019
  4. Pelton SI, Shea KM, Farkouh RA, Strutton DR, Braun S, Jacob C, et al. Rates of pneumonia among children and adults with chronic medical conditions in Germany. BMC Infect Dis. 2015;15(1):470.
  5. van Hoek AJ, Andrews N, Waight P a, Stowe J, Gates P, George R, et al. The effect of underlying clinical conditions on the risk of developing invasive pneumococcal disease in England. J Infect. 2012; 65(1):17–24.
  6. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – Disponível em sbpt.org.br/portal/vacina-pneumococica-2021  Acessado em 29/01/2021
  7.             World Health Organization, United Nation’s Children’s Fund. Immunization in the context of COVID-19 pandemic: frequently asked questions (FAQ). apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/331818/WHO-2019-nCoV-immunization_services-FAQ-2020.1-eng. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Published April 16, 2020. Accessed October 16, 2020.
Redação

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