Posição da Associação Médica Brasileira sobre velhice vir a ser considerada doença

A Assembleia Mundial de Saúde, órgão de governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê instituir a velhice como doença, na Classificação Internacional de Doenças, em sua próxima edição – a CID 11, a partir de 1º de janeiro de 2022.

A ideia que, aliás, não condiz sob hipótese alguma com o histórico e valoroso trabalho em prol da vida humana empreendido pela OMS, é contestada pela Associação Médica Brasileira (AMB), entre outras instituições lisas e sérias de todos os continentes.

César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, vê com enorme preocupação a possiblidade de isso realmente ocorrer. Segundo ele, inúmeros problemas de registros de doenças específicas e relacionadas à idade mais avançada simplesmente serão catalogados como velhice, uma vez que assim passarão a ser considerados no Código Internacional, CID.

“Essa é uma etapa da vida de todos nós. Há questões da saúde próprias da velhice; e uma série delas depende de o organismo atingir determinada faixa etária para se manifestar. Aliás, certas pessoas, mesmo nessa fase, não apresentam tais doenças. Então catalogá-las de forma simplista pode trazer prejuízos tanto ao entendimento do que acontece na velhice quanto à elaboração de políticas de saúde baseadas em ocorrências por idade”.

Pela proposição da Assembleia Mundial de Saúde, ocorreria a inclusão do código MG2A (velhice) em substituição ao código R-54 (senilidade), no capítulo 21 da CID. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia também já se manifestou contrariamente. Informa que:

“No Brasil, cerca de 3/4 das mortes ocorrem a partir dos 60 anos, por doenças cardiovasculares, oncológicas e neurológicas, entre outras. E se todos os motivos forem resumidos à velhice, correremos o risco de faltar informação e investimento para o tratamento destas doenças”.

Um manifesto amplo de celebridades e instituições como o Centro Internacional da Longevidade – ILC Brasil pontua ser a velhice é a maior conquista social dos últimos 100 anos. Considerá-la doença, adverte o documento, “é um retrocesso e contribui para acentuar globalmente preconceitos em relação à longevidade – o quê denominamos idadismo (ou ageísmo) –, traduzidos em estigmas que marcam profundamente a saúde emocional e psicossocial das pessoas que envelhecem”.

Participe você também dessa corrente por promoção do envelhecimento com oportunidades de protagonismo, em uma sociedade na qual os mais velhos sejam respeitados e valorizados por suas potencialidades como sujeitos de direitos.

Todos seremos idosos amanhã.

São Paulo, 1º de outubro 2021

Associação Médica Brasileira

Redação

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