A Rede D’Or São Luiz está implementando protocolos de cardiologia nas emergências de 30 hospitais do grupo. O objetivo é padronizar a qualidade do atendimento, garantindo que os pacientes recebam os mesmos cuidados em qualquer uma das unidades. A coordenadora do Serviço de Cardiologia e Arritmia da Rede D’Or São Luiz, Olga Ferreira de Souza, explica que os protocolos são resultado de um estudo, a partir das melhores práticas reconhecidas internacionalmente. “Nosso objetivo foi padronizar o atendimento ao paciente que chega à sala de emergência com sintomas de arritmias, síncope e dor torácica, visando o melhor atendimento e tratamento clínico, com garantia de qualidade e segurança ao paciente. Tudo foi pensado para oferecer o melhor para o paciente”, destaca Olga, ressaltando que até unidades recém-adquiridas pela Rede já estão adotando as novas regras.
Os protocolos são diretrizes assistenciais sobre como agir nas quatro principais áreas da cardiologia: arritmia, doença coronariana, insuficiência cardíaca e cardio-oncologia. Um exemplo de como funcionam essas orientações é o caso de atendimento a um paciente com fibrilação atrial. “O paciente com fibrilação atrial tem um risco maior de apresentar um acidente vascular cerebral (AVC) e no nosso protocolo este risco é avaliado no primeiro atendimento nas salas de emergências e já iniciamos a terapia com medicamentos anticoagulantes, quando indicado”, destaca Olga, que explica que a padronização melhora a eficiência e a efetividade clínica nos serviços de saúde.
“Há estudos que mostram que uma boa adesão a protocolos gera melhoria da qualidade de decisão clínica, conseguindo assim mais efetividade do tratamento, aumentar a sobrevida, reduzir tempo de internação, assim como os custos do atendimento”, informa Olga. Por sinal, há justamente a expectativa de que a adoção das orientações evite desperdícios com exames desnecessários, reduzindo custos, inclusive para o paciente, bem como resulte na redução dos índices de reinternação.
E esses índices serão avaliados mensalmente, pois os protocolos também abrangem metas a serem alcançadas, definidas de acordo com padrão de qualidade internacional. Caso o hospital não obtenha os resultados almejados, ele precisa desenvolver um plano de ação para melhoria do atendimento. “Os indicadores nos ajudam a verificar se as diretrizes estão sendo realizadas. São parâmetros objetivos que traçam um cenário de como está o atendimento cardiológico naquela emergência”, detalha Olga.
E para garantir que todos os protocolos sejam aplicados, foi preciso investir em treinamento, tanto para médicos quanto para enfermeiros, de cada unidade. A capacitação ocorreu em dois momentos: antes e depois da implementação das diretrizes e metas. A cada seis meses, as unidades passarão por uma reciclagem.
Os cuidados vão além do ambiente hospitalar, pois os protocolos preveem, inclusive, orientações para o paciente pós-alta. “Às vezes o paciente recebe alta, mas não tem um médico assistente que o acompanhe, então está prevista também a indicação de opções de médicos que possam seguir adiante com os cuidados que o paciente precisa. Isso deve impactar, por exemplo, na frequência de reinternação e melhor aderência ao tratamento ”, avalia Olga.
Banco de dados
Também está em andamento a criação de um banco de dados com informações de todos os hospitais. Assim a Rede D’Or será a primeira do país a ter um banco de dados de atendimentos cardiológicos. Os dados acumulados permitirão ter uma visão global e mais detalhada sobre a qualidade do atendimento. “Com todo o material coletado poderemos desenvolver estudos comparativos. Isso nos fornecerá um conteúdo para aperfeiçoar os nossos protocolos, buscando sempre o melhor tratamento para o nosso paciente”, observa Olga.