Preços dos medicamentos recuam em fevereiro, aponta estudo

Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil recuaram 0,23% em fevereiro, revela o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador inédito criado pela Fipe em parceria com a Bionexo – healthtech especialista em soluções digitais para gestão em saúde. A queda ocorre após dois meses com altas consecutivas. No primeiro bimestre de 2021, o índice já teve uma variação acumulada de + 1,09%.

A variação em fevereiro foi impulsionada pelas quedas observadas nos preços médios de 8 de 12 grupos de medicamentos, destacando-se: sangue e órgãos hematopoiéticos (- 5,96%), aparelho digestivo e metabolismo (- 4,73%), aparelho geniturinário (- 2,92%), entre outros.

Comparativamente, o resultado do IPM-H em fevereiro ficou abaixo do comportamento esperado do IPCA/IBGE de fevereiro (+0,86%), bem como da inflação calculada pelo IGP-M/FGV (+2,53%). Além disso, a variação captada pelo índice foi inferior ao comportamento da taxa média de câmbio no mês (+1,13%).

A nova queda ocorre após o índice registrar oscilações nos últimos seis meses: foram duas altas – 1,32% em janeiro deste ano e 1,37% em dezembro do ano passado – e quatro quedas – agosto (-1,82%), setembro (-2,48%). outubro (-0,11%) e novembro (-0,65%). Nos últimos 12 meses, houve alta de 13,38%.

Nesse recorte temporal mais amplo dos últimos 12 meses, os grupos que mais contribuíram para a alta do IPM-H foram: aparelho digestivo e metabolismo (+56,66%), sistema nervoso (+56,30%), aparelho cardiovascular (+48,88%) e sistema musculesquelético (+38,36%). Em contraste, os grupos com as menores variações incluíram: anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-2,95%), agentes antineoplásicos/quimioterápicos (+3,67%), medicamentos atuantes no aparelho geniturinário (+4,69%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+6,19%), aparelho respiratório (+6,33%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+7,76%), órgãos sensitivos (+8,60%), e preparados hormonais sistêmicos (+11,61%).

Tais grupos, vale ressaltar, incluem vários dos medicamentos que são utilizados em casos associados à Covid-19, incluindo norepinefrina (terapia cardíaca e suporte vital), fentalina (analgésico), propofol (anestésico), midazolam (hipnótico/sedativo/tranquilizante), omeprazol e pantoprazol (antiácidos utilizados no tratamento de dispepsia/úlcera gástrica e outros distúrbios gastrointestinais).

O IPM-H é elaborado com base em transações entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2021. Nos últimos anos, a variação anual do indicador foi de + 4,74% (2015), + 4,97% (2016), + 3,94% (2017), + 4,97% (2018), + 3,97% (2019) e + 14,36% (2020).

As crises sanitária e econômica no país têm afetado os preços dos produtos pela combinação de vários fatores, entre eles o aumento da demanda dos sistemas de saúde, desabastecimento do mercado doméstico, efeitos cambiais e do preço de insumos.

IPM-H

O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma Bionexo, por onde são transacionados mais de R$ 12 bilhões de negócios no mercado da saúde por ano, o que representa cerca de 20% de tudo que é transacionado no mercado privado nacional.

A health tech conecta mais de duas mil instituições de saúde a mais de 20 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares. A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: (i) quantidade de produtos transacionada; (ii) distância geográfica entre hospitais e fornecedores.

Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma.

Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.

Redação

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