Projeto estuda possibilidade de desinfecção de respiradores PFF2

Para dar suporte técnico na tomada de decisão sobre a higienização dos respiradores PFF2 em casos excepcionais, uma equipe do Laboratório de Têxteis Técnicos e Produtos de Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou um estudo em conjunto com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP) e a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

Os respiradores chamados PFF normalmente são descartáveis, ou seja, não possuem nenhum tipo de manutenção, e o recomendável é que sejam descartados após a utilização (ou quando indicado por um profissional responsável por segurança do trabalho).

A ideia do projeto surgiu logo no início da pandemia do novo Coronavírus, em 2020, quando a equipe do laboratório do IPT percebeu que a demanda por respiradores estava longe da capacidade de fornecimento, o que poderia gerar uma crise de falta deste tipo de proteção. “Esses respiradores são um dos principais equipamentos de proteção usados pelas equipes médicas. No início da pandemia houve realmente uma falta destes no mercado e, quando eram encontrados, os preços estavam muito elevados, o que inviabilizava sua aquisição”, afirma Fernando Soares de Lima, pesquisador responsável pelo laboratório do IPT.

O IPT entrou em contato com a Fundacentro para propor um estudo sobre a possibilidade de extensão de uso dos respiradores do tipo PFF2 por meio de processos de higienização que não comprometessem o seu uso. “Posteriormente, o Hospital das Clínicas se comunicou com o IPT sinalizando que estava realizando o mesmo tipo de estudo com a POLI-USP. Houve então a formação de um grupo para a realização do estudo de processos de higienização de respiradores que não fossem agressivos o suficiente para comprometer o desempenho deste tipo de respirador”, completa o pesquisador.

PAPEIS DEFINIDOS – Para a execução do projeto, o IPT adquiriu parte dos modelos de respiradores do estudo, desenvolveu os métodos de higienização e realizou os processos, enquanto o HC deu suporte quanto à viabilidade dos processos e no desenvolvimento dos métodos de higienização, com foco na possibilidade destes em um ambiente hospitalar. A POLI-USP ficou responsável pela análise estatística do estudo e a Fundacentro realizou os testes de desempenho dos respiradores antes e depois dos processos de higienização.

“O grupo sempre esteve consciente que a higienização destes respiradores não é um processo recomendado e que deveria ser realizada em casos excepcionais, como no caso da falta do equipamento no mercado”, afirma Lima. Foram realizados processos de desinfecção usando temperatura em umidade elevada, temperatura em ambiente seco e também o uso de Ultravioleta C.

Com o projeto, foi possível observar que os métodos de higienização utilizados são eficazes na descontaminação de vírus do tipo envelopado e não causam degradação dos respiradores do tipo PFF2, mantendo suas propriedades de filtração sem comprometer aspectos de aparência física e respirabilidade.

Em casos de escassez ou de inviabilidade financeira de aquisição de novos respiradores, estes métodos podem ser utilizados para dar uma sobrevida a estes produtos. O estudo foi finalizado e os resultados serão publicados em revista internacional.

Redação

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