Projeto fortalece autocuidado e apoia pacientes com insuficiência cardíaca após alta hospitalar

Sem conseguir bombear a quantidade de sangue necessária para suprir as necessidades do seu corpo, a realidade de um paciente diagnosticado com insuficiência cardíaca (IC) é permeada por visitas médicas, internações hospitalares e desafios em busca de um tratamento adequado e mais qualidade de vida.

Diante deste cenário, surge o projeto “Coração Bem Cuidado”, iniciativa empreendida pelos Hospitais PROADI-SUS, cujo objetivo é desenvolver um programa de autocuidado e acompanhamento remoto para pacientes internados por IC em alta hospitalar recente.

Embora não existam estudos que documentem de forma precisa a prevalência de IC no Brasil, estima-se que, na última década, entre 2 e 4 milhões de brasileiros tenham sido acometidos pela síndrome. Informações do DataSUS 2015 revelam que 219 mil internações por insuficiência cardíaca foram registradas. Na população adulta idosa, a IC já representa a principal causa de hospitalização no país.

Tais estatísticas representam um alto custo para o Sistema Único de Saúde (SUS), corroborando com a necessidade de intervenções eficazes e de baixo investimento para o manejo desses pacientes. E, nesse sentido, é fundamental que a implementação de iniciativas voltadas à aplicação no sistema de saúde público leve em consideração os custos e a efetividade clínica do programa.

O programa

O programa é desenvolvido com base em um estudo nacional que visa avaliar a eficácia de estratégias inovadoras de monitoramento, educação e autocuidado na condição clínica do paciente. Além disso, a factibilidade do programa, seu custo de implementação e o nível de satisfação dos pacientes também são avaliados.

Atualmente, cerca de 200 pacientes são monitorados em todo o Brasil, e a meta é chegar a 700 pacientes nos próximos meses. O projeto é coordenado pelas equipes do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e do HCor, em São Paulo.

Para a pesquisa, estão incluídos adultos com IC em acompanhamento ambulatorial após uma internação em decorrência da síndrome, que apresentem alto risco de nova hospitalização e com possibilidade de acesso à telefonia celular.

Para a Dra. Mariana Blacher, líder do projeto no Hospital Moinhos de Vento, o projeto possui um importante legado no acompanhamento do paciente com IC. “Ao posicionar o paciente como protagonista do seu tratamento, o Coração Bem Cuidado integra médicos e pacientes, reduzindo internações e contribuindo para uma mudança positiva no estilo de vida de pacientes com insuficiência cardíaca”, destaca.

Na prática

Os pacientes são randomizados para receber a estratégia de autocuidado, educação do paciente e monitoramento remoto baseado em mensagens por SMS, ou para receber o tratamento convencional de suas instituições.

“Todos são acompanhados no estudo ao longo de 12 meses, período no qual são avaliados desfechos laboratoriais e clínicos, tais como: redução dos níveis séricos de NT-proBNP, qualidade de vida relativa à saúde, reinternações hospitalares e mortalidade. Além disso, a factibilidade do programa, seu custo de implementação e o nível de satisfação dos pacientes também são avaliados” complementa a Dra. Mariana Blacher.

Essa é mais uma iniciativa dos Hospitais PROADI-SUS que busca evidências para embasar novas estratégias de tratamento e acompanhamento de pacientes com doenças crônicas no SUS. Mesmo durante a pandemia da Covid-19, o projeto continua o monitoramento dos pacientes, promovendo o autocuidado e garantindo que esses pacientes não fiquem desassistidos.

Redação

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