Projeto inovador do Hospital Evangélico alfabetiza pacientes de hemodiálise desde 2018

Única experiência de Educação de Jovens e Adultos (EJA) externa da capital mineira em uma unidade médico/hospitalar, o projeto Vivendo e Aprendendo que acontece desde 2018 na unidade de Nefrologia do Hospital Evangélico de Belo Horizonte, em Venda Nova, vai promover a formatura de uma turma de 26 alunos que estão concluindo o ensino fundamental, no próximo dia 6 de dezembro, a partir das 14h. A cerimônia será realizada na Igreja Presbiteriana localizada na Rua Gonçalves, 77, em Venda Nova.

Fruto de parceria entre o hospital filantrópico e a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SMED), por meio da Escola Municipal Padre Marzano Matias, o projeto possibilitou que, em cinco anos de existência, um total de 610 pacientes renais crônicos em tratamento na unidade pudessem retomar os estudos enquanto fazem as sessões de hemodiálise. Neste ano, foram 87 matriculados em 9 turmas dos turnos da manhã, tarde e noite.

Analfabetismo

O projeto foi criado a partir do resultado de uma pesquisa interna da unidade de Nefrologia do HE, que detectou que muitos pacientes eram analfabetos ou haviam interrompido a escolaridade em algum momento da vida. Segundo a médica nefrologista Renata Starling, ao unir saúde e educação, a iniciativa contribui para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, que experimentam uma rotina diferente devido à doença renal crônica.

“Entendemos que a leitura é fundamental para que o paciente renal crônico compreenda a doença, o tratamento, as restrições alimentares impostas devido à limitada função dos rins e também para saber o que está escrito nas receitas e nas bulas dos medicamentos. Depois do Vivendo e Aprendendo, constatamos que muitos dos pacientes passaram a ter um engajamento maior com o tratamento, com redução das faltas às sessões, por exemplo”, comemora.

Pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise devem fazer três sessões semanais do procedimento, em dias alternados, com duração média de quatro horas. A médica lembra que não é possível interromper ou reduzir essa prescrição sobre risco de vida e/ou complicações do quadro do indivíduo.

EJA externo

A Escola Municipal Padre Marzano Matias, que funciona na região de Venda Nova, é a parceira do HE para o projeto e, desde o início, fez as adaptações necessárias para que as aulas sejam individualizadas. Segundo a coordenadora pedagógica, Denise Risi, no ano letivo de 2023 foram nove professores designados para atender 9 turmas dos turnos da manhã, tarde e noite.

“A equipe de professoras se divide para atender os quatro salões da unidade de Nefrologia. Enquanto o aluno está fazendo a hemodiálise, nós passamos as atividades e depois retornamos para corrigir e passar o “para-casa”. Começamos com uma turma e hoje temos nove, o que mostra que o projeto, depois de uma compreensível resistência inicial, é bem aceito pelos pacientes que, para nós são alunos”, explica.

Maior fornecedor do Sistema Único de Saúde (SUS) de serviços de Nefrologia, o HE atende cerca de 3500 pacientes em suas quatro unidades em Belo Horizonte, Contagem e Betim. Apenas na unidade Venda Nova, são 946 no tratamento de hemodiálise e outros 105 na diálise peritoneal (DP), procedimento que é realizado em domicílio.

Redação

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