Prontuário Afetivo: Um ano após implantação, projeto de humanização acolheu mais de 47 famílias

Prontuário é fixado no leito da paciente

Diante da impossibilidade de visitar seus entes queridos, os familiares dos pacientes internados com Covid-19 no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), em Jundiaí (SP), contam com um recurso especial para matar um pouco da saudade deixada pela distância. Criada pela médica Isadora Jochims, do Hospital Universitário de Brasília no Distrito Federal, a ação denominada “Prontuário Afetivo” foi implantada na instituição jundiaiense em maio de 2021 pela psicóloga, Nayara Pancelli e pelo médico coordenador do projeto, Dr. Djalma Barbosa Junior. Com início na Unidade de Suporte Intermediário (USI), a iniciativa foi um sucesso e, recentemente, ampliada para a Enfermaria VI.

Por meio do documento é possível saber qual o hobby do paciente, sua profissão, o nome de seus animais de estimação, o time do coração e suas comidas favoritas. Os dados são fixados no leito do paciente e aproximam a vida de quem cuida e de quem está recebendo o cuidado. “O Prontuário Afetivo é a união entre o histórico de vida do paciente e os cuidados que ele necessita no momento. Essa soma de informações faz com que os profissionais tenham mais empatia, ajuda a conhecer o ser humano em sua singularidade e fortalece os vínculos entre paciente e equipe de trabalho”, explica Nayara.

Buscando integrar e incluir a família no processo de hospitalização, a psicóloga Alessandra Furtado Charone, foi quem assumiu o projeto na nova unidade, além de ser responsável pelas chamadas de vídeo entre pacientes e familiares. A profissional conta que a ideia também visa acalmar e acolher as famílias fragilizadas pelo momento difícil que enfrentam. “Diante da necessidade do isolamento e do quadro clínico dos pacientes, intubados e sedados, o contato verbal com a equipe ou virtual com a família acaba sendo inviabilizado. Ações como essas tendem a sensibilizar o paciente, familiares e a equipe. Entendemos que mediar a comunicação faz com que o paciente se sinta mais seguro e a família acolhida, aumentando a sua satisfação com o cuidado recebido”.

Alessandra ainda ressalta que a ação humanizada torna mais fácil o entendimento durante a abordagem médica e que o primeiro contato é realizado via tablet. “O familiar recebe uma mensagem de texto contendo a apresentação do profissional, o objetivo do trabalho, o convite para participação e as informações necessárias para confecção do prontuário afetivo. Precisamos manter e ampliar ações como essa, que começou na USI e, em breve, será implantada nas UTIs. O projeto já acolheu mais de 47 famílias. Por trás do leito existe uma vida como a nossa, com família, religião, preferências e sonhos. Com este prontuário, intensificamos o lado humano, além da assistência técnica”.

Para Núbia Michele Nasrallah, sobrinha da Sra. Josefina Nasrallah, paciente internada com Covid-19, o projeto acalmou o coração aflito da família. “Achamos a iniciativa muito legal. Recebemos a foto do prontuário da psicóloga e compartilhamos no grupo da família. No Natal, aproveitamos para compartilhar esse momento entre nós e foi muito emocionante. É uma ação que nos conforta”.

Redação

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