O médico e pesquisador Dr. Eduardo Fleury, radiologista e coordenador da equipe de Imaginologia Mamária do IBCC Oncologia, descobriu uma doença associada aos implantes mamários, denominada SIGBIC (granuloma induzido por silicone na cápsula).
Os principais sintomas da doença são: manchas na pele, dores articulares, colites, endurecimento das próteses, aumento das mamas e sinais inflamatórios no seio comprometido. A maioria das pacientes avaliadas apresentou alterações clínicas características, muitas vezes ignoradas pelos médicos delas, sobretudo, por não existir relatos na literatura médica sobre o tema.
A descoberta aconteceu em várias etapas e após diversas constatações em um período de quase três anos. Foram intensos estudos e avaliações em resultados de imagens radiológicas, mamográficas, ultrassonográficas e, agora, de ressonâncias magnéticas mamárias de aproximadamente três mil mulheres.
MULHERES DESABAFAM – “SE SOUBESSE DOS RISCOS NÃO TERIA COLOCADO”. “PENSEI QUE MEU SEIO FOSSE EXPLODIR”.
A advogada, Sheila Higa, de 45 anos moradora de Itacaré, na Bahia, fez a cirurgia plástica para colocar a proteste de silicone em 2008. Em maio de 2019, ou seja, 11 anos depois, começou a perceber que a mama esquerda estava crescendo. Em três meses o seio dobrou de tamanho. Retirou a prótese, em outubro de 2019, logo depois de descobrir um linfoma. Pretende refazer a mama afetada e que está sem prótese, mas desta vez vai fazer uso da gordura do próprio corpo. Se arrepende de ter colocado a prótese de silicone e afirma “NÃO TERIA FEITO A CIRURGIA SE SOUBESSE DOS RISCOS QUE CORRIA”.
A médica paulistana, Maria Fernanda Bouzada Marcos, de 32 anos, colocou a prótese há 11 anos. Percebeu uma espécie de bola no peito direito em 2018. Não sentiu dor e desde essa época até o início dos sintomas houve um intervalo de sete meses. Segundo ela, o caroço no seio era tão grande que ACHOU QUE FOSSE EXPLODIR. Mesmo após puncionar e retirar o líquido o nódulo voltava. A paciente disse que houve contratura no seio – uma espécie de endurecimento – e ficou com a mama toda deformada. Trocou a prótese em 2018, portanto mesmo ano que descobriu o nódulo e quando foi, agora, em 2020, foi diagnosticada com essa doença rara (SIGIBIG), descoberta pelo Dr. Eduardo Fleury, do IBCC Oncologia. Ela disse que “antes de colocar um corpo estranho no organismo, as pessoas devem avaliar muito bem os riscos e benefícios envolvidos”.
De acordo com o Dr. Fleury, a doença começa a se desenvolver bem próximo ao período de vencimento da prótese de silicone a qual tem vida útil de 7 a 10 anos. “As cápsulas fibrosas podem ficar comprometidas pela reação com o silicone e a retirada da prótese, em muitos casos, apresenta melhora no quadro”, afirma o médico ao acrescentar que as próteses não precisam ter sido rompidas para que ocorra o aparecimento da doença.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP), a intervenção cirúrgica para aumento dos seios é a mais procurada pelas brasileiras. O último levantamento realizado pela SBCP, com dados de 2017 a 2018, mostrou que a cirúrgica para colocar seio representa 18,8% de todas as operações plásticas realizadas no Brasil o que equivale a 319 mil e 600 próteses de silicone colocadas no período de 12 meses.
Sendo dessa maneira, ao período o tempo de vida útil da prótese que é de 7 a 10 anos, podemos dizer que 229 mil brasileiras podem estar com a doença SIGBIC. Isso pelo fato de o Brasil ter realizado 12,9% do total de cirurgias de prótese de silicone feitas no mundo. Ou seja, há 7 anos (2013) houve o registro de 1 milhão 773 mil e 584 intervenções cirúrgicas desse tipo globalmente. Os dados foram captados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).
A descoberta da doença SIGBIC pelo médico brasileiro tem recebido destaque em várias publicações cientificas pelo mundo. Nas últimas semanas, as revistas PLOS One e Science Direct reconheceram e aprovaram duas das etapas detalhadas pelo pesquisador.