Reconstrução mamária é parte essencial no tratamento do câncer de mama

Durante o mês de outubro, as atenções ficam voltadas para a prevenção e conscientização do câncer de mama. Não por acaso, esse é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo. Só no Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama em 2021, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), uma em cada 12 mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama no Brasil.

Segundo Lydia Masako Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, médica cirurgiã plástica e professora titular da disciplina de Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo, a qualidade de vida é comprovadamente melhorada para as mulheres que realizaram a reconstrução mamária. “Hoje não conseguimos dissociar o tratamento do câncer de mama da importância da cirurgia plástica. A reconstrução é responsável por trazer o bem-estar corporal, estético e emocional para as pacientes. Podemos dizer que ele é fundamental no processo de recuperação da paciente”, afirma. Há vários relatos de mulheres que ficam mais animadas e ativas, tem mais vontade de realizar o tratamento como um todo. “São pacientes que aderem bem a quimioterapia e radioterapia. O impacto da reconstrução é muito positivo”, afirma a médica.

Nos Estados Unidos, em um ano típico, 400 mil implantes de mama são realizados por ano. Um terço deles (100 mil) é destinado às mulheres em processo de tratamento do câncer de mama. No Brasil, a reconstrução mamária pós-mastectomia é garantida por lei (13.770) desde 2018, o que aumentou as taxas de adesão ao procedimento que, em 2017, era de 34% das mulheres mastectomizadas.

Reconstrução mamária

A cirurgia de reconstrução é realizada logo após a retirada do tumor quando há condições técnicas, caso não seja possível realizar imediatamente, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantida a realização da cirurgia após alcançar as condições clínicas necessárias.

Atualmente, o protocolo mais utilizado de tratamento prevê a cirurgia seguida de quimioterapia e radioterapia. Em alguns casos, podemos ver a quimioterapia ser administrada antes, mas ainda assim, a cirurgia tem de ser feita, afirma Dr. Alexandre Piassi, cirurgião plástico e diretor do DEMID da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. “Mesmo quando o tumor desaparece após a quimioterapia neoadjuvante, a conduta hoje é realizar a cirurgia e retirar os tecidos da região afetada pela doença, com uma margem de segurança”, explica.

Para as mulheres que não conseguiram realizar a cirurgia de reconstrução imediatamente, a indicação é esperar um período. “A quimioterapia costuma durar seis meses e a radioterapia um mês. Só após oito meses da finalização das sessões de radioterapia que é indicado realizar a cirurgia, pois durante esse período a cicatrização fica prejudicada”, completa.

Tipos de reconstrução

Cada mulher é única e a cirurgia reparadora também. Dr. Piassi explica que o procedimento cirúrgico depende de vários fatores, entre eles o tamanho da mama, a localização e tipo do tumor e o tipo da cirurgia realizada pela equipe de mastologia. Alguns tipos de cirurgia mamárias mais realizadas:

• Mastectomia poupadora de pele: O tumor é removido e quase todo tecido mamário também, porém a pele da mama é poupada.

• Cirurgia conservadora: um quarto ou menos da mama é retirado, dependendo da característica do tumor.

• Mastectomia não poupadora de pele: é extraída a mama em sua totalidade, tumor, parênquima mamária (conjunto de células que são responsáveis pela função de um determinado órgão) e uma porção grande da pele.

A reconstrução da mama é realizada para reestabelecer a forma estética. Restaura-se o volume e o formato, e após um período – de três a seis meses – é realizada uma avalição para verificar se serão necessários reparos como um enxerto de gordura, por exemplo.

Para a reconstrução da mama, o volume é reconstituído com implantes de silicone ou retalhos. Para a área dos mamilos muitas vezes recorre-se à tatuagem que traz resultados bem satisfatórios.

Mulheres de qualquer idade podem fazer a reconstrução. Só há contraindicações relativas para casos clínicos graves como problemas cardíacos, casos de obesidade ou doença muito avançada.

A reconstrução mamária impacta positivamente a vida da mulher, ajudando-a a resgatar a integridade física, a autoestima e o bem-estar psicológico que a impulsionam para um dia a dia com mais qualidade e saúde. “Há estudos científicos que, inclusive, comparam a retirada da mama com a mutilação genital no homem. Mas a reconstituição mamária ameniza essa perda, reestabelecendo a dignidade, a autoestima e a qualidade de vida da mulher. Por isso a importância da cirurgia plástica no tratamento global do câncer de mama”, conclui.

Redação

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