“Obesos metabolicamente saudáveis” podem ter risco elevado para doenças cardíacas

Os chamados obesos metabolicamente saudáveis – pessoas obesas que não apresentam alterações em exames padrões, como os para aferição do colesterol, glicemia e pressão arterial – podem ter risco aumentado para doenças cardíacas, indicam dois estudos realizados por pesquisadores do Instituto Nacional de Cardiologia (INC).

As pesquisas do INC sinalizam que os obesos metabolicamente saudáveis apresentam alterações nas funções autonômicas e na circulação nos microvasos sanguíneos, que elevam os riscos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outros males.

A obesidade é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia global e estima-se que 20% da população adulta mundial será obesa em 2030. Há um consenso na comunidade científica de que os obesos são mais propensos a desenvolver doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, diabetes e outras doenças.

Mas uma parte dos obesos, em geral composta por jovens, não apresenta alterações nos exames utilizados para avaliação do risco para doenças e estaria incluída, no entendimento de certos pesquisadores, numa categoria benigna da obesidade. Por esse motivo, eles são chamados obesos metabolicamente saudáveis.

Dois estudos do INC apontam na direção contrária e corroboram outras pesquisas em diferentes países que indicam que os obesos metabolicamente saudáveis apresentam, sim, aumento do risco cardiovascular.

O estudo “Avaliação do perfil autonômico em obesos metabolicamente saudáveis”, dissertação de mestrado de Alice Pereira Duque orientada pelo Dr. Luiz Fernando Rodrigues Junior no Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares do INC, avaliou a função autonômica de 241 voluntários por meio de testes da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), de parâmetros eletrocardiográficos e dos testes ortostático e de hipotensão ortostática.

A pesquisa concluiu que a presença de alterações nos testes indica que a obesidade metabolicamente saudável está associada à ocorrência de disfunção autonômica e, consequentemente, à maior risco cardiovascular.

Outro estudo, “Avaliação da função endotelial microvascular sistêmica em obesos metabolicamente saudáveis”, do Dr. Eduardo Tibiriçá, pesquisador clínico e docente do mestrado do INC, que ainda está em andamento, pretende provar que obesos metabolicamente saudáveis apresentam alterações microcirculatórias sistêmicas.

Os pesquisadores utilizam metodologias baseadas em laser e a Cytocam, uma microcâmara de alta precisão colocada na mucosa bucal sublingual, para avaliar o funcionamento e a densidade dos microvasos sanguíneos.

“Nossa hipótese é que os obesos metabolicamente saudáveis apresentam alterações na microcirculação que não vemos nos exames clínicos, o que indicaria que eles têm tendência a desenvolver doença cardiovascular com o tempo. Eles estariam num estágio intermediário”, afirma Eduardo Tibiriçá.

Redação

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