O Hospital e Maternidade São Luiz São Caetano (SP) realizou pela primeira vez uma cirurgia para troca de todo o sistema de marcapasso infantil anteriormente implantado.
O paciente foi o pequeno Arthur do Carmo Cintra Santos, de quatro anos de idade, que possui um quadro de cardiopatia congênita, doença em que há anormalidade na anatomia (estrutura) do coração desde o nascimento, comprometendo seu desenvolvimento.
“Só fiquei sabendo da cardiopatia congênita e da Síndrome de Down quando ele nasceu. No primeiro momento foi choque grande e, desde então, já passamos por três cirurgias e muitos momentos de difíceis”, conta Gisele do Carmo Cintra, mãe do Arthur.
O cardiologista pediátrico do São Luiz S. Caetano que acompanha o caso, Luis Cavalcanti, explica que o paciente já contava com um equipamento, instalado aos nove meses de vida, que em decorrência do crescimento natural do corpo, atingiu seu limite operacional.
“Por isso foi necessário realizar a troca completa do sistema do marcapasso. Foi uma cirurgia complexa, onde retiramos o antigo e colocamos o novo modelo, que conta com tecnologia bicameral, ou seja, estimula duas câmaras cardíacas (átrio e ventrículo) proporcionando um batimento de melhor qualidade e mais próximo ao fisiológico”, explica o especialista.
Patrícia Oliveira, cirurgiã cardiovascular pediátrica, destaca os cuidados e estrutura para realização do procedimento. “Como se trata de uma segunda abordagem cirúrgica, ou seja, um procedimento onde já há um material aderido ao corpo, há mais riscos e precisamos considerar todos os cenários possíveis para garantir a segurança do paciente”.
Como retaguarda a equipe tinha à disposição equipamentos de ponta, como o de circulação extracorpórea (dispositivo artificial que realiza a circulação total, ou parcial, do sangue do paciente para fora do organismo) e bisturi de plasma, além de especialistas. “Estávamos preparados para qualquer intercorrência e, apesar da alta complexidade, foi uma cirurgia tranquila”, complementa Patrícia.
Para mãe do pequeno, que mora no município de Diadema, o novo equipamento vai proporcionar mais segurança e liberdade para Arthur, já que além da tecnologia bicameral, foi colocado em outra posição.
“O antigo equipamento estava superficial, dava para ver no abdômen dele, por isso, tínhamos medo de que uma queda ou batida interrompesse o funcionamento. Sempre quis que meu filho tivesse uma infância normal, correndo, brincando, aproveitando como uma criança. Estou feliz e aliviada, pois sinto que agora isso é possível”, celebra Gisele.
O procedimento durou cerca de quatro horas e foi um sucesso. “Esse é mais um avanço importante na assistência de alta complexidade oferecida pelo São Luiz São Caetano. Essa conquista foi possível graças a uma equipe altamente capacitada, estrutura moderna e processos maduros, que proporcionam qualidade e segurança assistencial para os cidadãos do ABC”, enfatiza Michele Batista, diretora Geral do São Luiz São Caetano.
Ao longo de sua trajetória, o hospital da Rede D’Or, e primeiro da bandeira São Luiz fora da capital paulista, preza pela qualidade técnica e assistencial, com cuidado humanizado e centrado no paciente. No ano passado, a unidade conquistou a Joint Commission International (JCI), uma das principais certificações internacionais de qualidade.
Entenda o caso
Desde o nascimento, Arthur tem um quadro de Comunicação Interatrial (CIA) e Comunicação Interventricular (CIV), caracterizados por aberturas que ligam incorretamente átrios e ventrículos da esquerda com os da direita, interferindo no funcionamento correto do coração.
São patologias que causam alterações respiratórias, de ganho de peso, desenvolvimento, entre outras. “No caso do Arthur, ele desenvolveu uma complicação já esperada, que é a arritmia, que impede o coração de ter uma frequência cardíaca regular”, detalha Luis.
Após a realização do procedimento, o paciente foi encaminhado para observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica e recebeu alta. A saída do hospital foi em grande estilo, com direito a um corredor de palmas formado pelas equipes assistenciais, enquanto Arthur desfilava sorridente no carrinho elétrico pelos corredores Hospital São Luiz São Caetano.
“Ele está ótimo e muito feliz em voltar para casa. Obrigada pelo apoio e cuidado de toda a equipe durante o período de internação, que não me deixou sozinha nem um minuto. Todos foram incríveis”, agradece Gisele. Agora, o pequeno seguirá em acompanhamento ambulatorial.