Saúde pós-pandemia: telemedicina vem para ficar e saúde mental da população estará em evidência

A pandemia do novo Coronavírus está causando impacto em todos os pilares da sociedade, especialmente na saúde, setor que está na linha de frente do combate ao vírus. Para Anderson Mendes, presidente da UNIDAS – entidade sem fins lucrativos que congrega mais de 4 milhões de vidas – o uso da tecnologia como ferramenta será uma tendência. No entanto, o olhar humanizado para a situação de cada indivíduo é fundamental para cuidar da saúde física e mental da população.

“No cenário pós-pandemia, não retornaremos à normalidade. A telemedicina, por exemplo, veio para ficar. O assunto foi muito discutido, mas, agora, por conta das circunstâncias, milhões de pessoas estão sendo assistidas desta forma. Este processo é um processo disruptivo e não dá mais pra voltar atrás”, explica Mendes. “Haverá uma nova forma de consumo dos serviços de saúde, como a telemedicina, teleatendimento e telemonitoramento. A pandemia acelerou o uso dessas tecnologias, mas a mudança não será tão radical, será um processo, pois as pessoas também desejam e precisam do contato físico com o médico, faz parte da natureza humana e é fundamental para algumas etapas do cuidado, então iremos mesclar entre o antigo normal e o novo normal”, completa.

Anderson também chama atenção para a necessidade de regulamentação da telemedicina. O Governo Federal sancionou a Lei 13.989 que permite sua utilização somente durante a pandemia de coronavírus, no entanto, até o momento não se vê discussões, nem propostas sobre sua regulamentação efetiva. “Ao que tudo indica, a sociedade irá conviver com o vírus e a telemedicina é uma aliada, já que permite a continuidade de tratamentos e de atenção à saúde das pessoas sem a necessidade de sair de casa”.

Para Mendes, a telemedicina pode auxiliar, por exemplo, com o uso seguro dos pronto-socorros, essencialmente para urgências e emergências. O profissional faz o primeiro atendimento à distância e indica ao PS se for necessário. No entanto, em paralelo à tecnologia, Anderson destaca a importância do olhar humanizado e de cuidar da saúde mental da população, pois haverá todo tipo de situação: “Nós teremos pessoas que vão sair normalmente e vão ao pronto-socorro até por opção de casa, vamos ter pessoas que precisam de atendimento, como é o caso dos doentes crônicos que não vão procurar os serviços por medo de fugir do isolamento social e também teremos que cuidar da saúde mental de todas essas pessoas”.

O grande desafio será estratificar e segmentar esses diferentes grupos e pensar nas melhores soluções para atendê-los. “Você não pode tratar da mesma forma uma pessoa que não sai de casa por medo e a outra que sai por opção. A comunicação vai ser fundamental para falar de forma apropriada com cada grupo, ela não pode ser a mesma, nem única, nem nos mesmos canais. Teremos que segmentar ainda mais e entender os públicos pós-pandemia, pois teremos uma mudança de comportamento das pessoas”, completa.

Por fim, Anderson também diz que há tendência da sobrecarga do sistema por conta da retomada gradual da rotina, já que muitas cirurgias eletivas e consultas foram adiadas para dar prioridade ao tratamento do Coronavírus. No entanto, é algo que irá se estabilizar ao longa da retomada das atividades.

“Estamos vivendo um momento desconhecido, pelo menos no mundo, nossos cientistas, pesquisadores, especialistas, nunca souberam tão pouco sobre algo. A Covid-19 ainda é pouco conhecida e seu impacto se estende a todos os setores da sociedade. O nosso desafio é refazer a vida olhando para o todo, ampliando a visão e considerando todo o contexto”, finaliza Mendes.

Redação

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