SBP debate Toxicologia Pediátrica no caso Brumadinho em evento promovido pelo Ministério da Saúde

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) participaram, no dia 10 de outubro, do Painel sobre Toxicologia Pediátrica de Brumadinho, em Minas Gerais (MG). Promovido pela Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, o evento discutiu os procedimentos adotados para atendimento e monitoramento das crianças expostas às substâncias presentes nos rejeitos da barragem Córrego do Feijão, rompida no início de 2019.

De acordo com pesquisadores, a dosagem de metais como cádmio, arsênio, mercúrio, chumbo e manganês, verificada por meio de exames de sangue, estão acima dos limites de referência, colocando em risco a saúde da população, especialmente de crianças. Eles recomendam a avaliação clínica, acompanhamento especializado e ações de vigilância em saúde para verificar possíveis problemas cardiovasculares, respiratórios e de desenvolvimento desse público.

No entanto, o município de Brumadinho sofre com a falta de profissionais da área de toxicologia para fazer o acompanhamento necessário das crianças. Por isso, o Ministério da Saúde solicitou o auxílio da SBP na capacitação de recursos humanos em postos de saúde e hospitais da região. “A SBP está à disposição do Ministério da Saúde em ações que possam ajudar as equipes da linha de frente a interpretar os resultados e analisar os casos do ponto de vista laboratorial e clínico”, explica o dr. Carlos Augusto Mello da Silva, presidente do Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental da SBP.

Para o pediatra, o diagnóstico diferencial é fundamental para avaliar se o problema diagnosticado tem nexo causal com a exposição de metais pesados e dos rejeitos, ou não. “A maior preocupação dos médicos de Brumadinho é o impacto dos metais no neurodesenvolvimento infantil, já que a maior parte dos metais são neurotóxicos e podem produzir danos a longo prazo que não são detectados agora. Essa avaliação deve ser feita com cautela por especialistas em neuropediatria, que também são poucos para esse atendimento na região”.

Participaram também do encontro as pesquisadoras na área de Saúde Pública e Epidemiologia e dos efeitos nocivos de poluentes ambientais sobre a saúde da criança, Dra. Carmen Fróes (UFRJ) e Dra. Kelly Olympio (FMUSP), além de representantes das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde. Na ocasião, os especialistas discutiram ainda os exames e procedimentos mais frequentes para esse tipo de exposição em crianças; principais sintomas em crianças expostas aos metais estudados; sintomas que podem indicar uma intoxicação aguda; diferenças de concentração dos metais estudados entre crianças e adultos; e protocolo clínico para atenção à saúde de crianças com exposição excessiva a metais.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.