Setembro Amarelo: precisamos falar mais sobre o suicídio

Falar sobre suicídio significa quebrar um tabu, eliminar o preconceito e, principalmente, prevenir mortes. E é no mês de setembro que profissionais de saúde convocam a sociedade para abraçar uma mobilização que salva vidas. Conhecida como Setembro Amarelo, a campanha mundial visa conscientizar a população sobre este tema tão delicado e necessário.

Por isso, o Centro de Apoio Psicossocial Infantojuvenil II M´Boi Mirim, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), em São Paulo (SP), promove entre os dias 3 e 14 de setembro diversas atividades sobre o tema, com orientações sobre prevenção, identificação e ajuda a pessoas com potencial para suicídio. Em uma roda de conversa, o psiquiatra Dr. Décio Gilberto Natrielli Filho falou sobre os fatores que podem levar ao suicídio, quais os sinais apresentados por alguém com ideação suicida e como abordá-lo, além de mitos e verdades sobre o assunto e a automutilação.

“O objetivo é alertar a população a respeito desta realidade e a identificação dos sinais para prestar ajuda. As pessoas anunciam que vão cometer o suicídio. Ela vai alimentando a ideia até o ponto de consumar o ato. Esse processo pode ser quebrado com um olhar cuidadoso: além da conversa e atenção, a ajuda especializada de psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e do serviço social são fundamentais”, afirma o médico.

“Temos uma experiência muito rica do Setembro Amarelo. Quando envolvemos os usuários do CAPS e seus familiares, eles acabam falando sobre suas experiências com o assunto, sejam pessoais ou de conhecidos que tentaram o suicídio. Assim, a gente estimula a discussão e a reflexão sobre um assunto que no passado não era falado”, diz a gerente do CAPS, Fabiana Méa Cury.

SINAIS

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio já seria a segunda principal causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. No Brasil, o número de casos aumentou 65% entre pessoas de 10 a 14 anos e 45% no grupo que vai dos 15 aos 19 anos (entre 2000 e 2015), enquanto, na média geral da população, o aumento neste período foi de 40%.

Profissionais que estudam o assunto costumam apontar como principais fatores de risco a dificuldade de lidar com frustrações e decepções, o sentimento de não pertencimento, a pressão social pelo sucesso e pelo corpo perfeito, desesperança em relação ao futuro e, principalmente, a falta de suporte familiar. Segundo Dr. Décio, “a família precisa ficar atenta a tais sinais, sobretudo se o jovem apresentar tristeza prolongada, mudança brusca de comportamento e agressividade”.

Redação

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