SOGESP cria tropa de elite para reduzir a mortalidade materna

Em 2017, o Estado de São Paulo registrou recorde histórico de mortalidade materna. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram 60,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos. As principais causas são evitáveis: pressão alta, hemorragia e infecções.

Com o objetivo de reverter esse quadro, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (SOGESP) tem trabalhado continuamente na qualificação dos tocoginecologistas do Estado. O processo mescla a disseminação de conhecimento de excelência ao estabelecimento de condutas para oferecer mais segurança ao parto.

No dia 21 de setembro, realizou uma edição do Curso de Emergências Obstétricas, para capacitar instrutores em rotinas como classificação de risco, diagnóstico e assistência às urgências hipertensivas e hemorrágicas, manejo de sepse materna e de edema agudo de pulmão.

Foram habilitados 71 instrutores, os quais assumiram a missão de percorrer municípios de norte a sul de São Paulo, para multiplicar as técnicas e informações adquiridas com os ginecologistas e obstetras que fazem parte da linha de frente da assistência à mulher.

Os professores Fábio Fernandes Neves, Rossana Pulcineli, Cristiane Paganoti, Elaine Christine Dantas Moises, Silvana Maria Quintana e Vera Therezinha Medeiros Borges ministraram as aulas, divididas em uma etapa conceitual e outra de hands-on. Cada detalhe que eventualmente pode interferir no bom resultado do parto mereceu atenção. A começar pelo tempo adequado para o atendimento à mulher.

“A agilidade é essencial nessas horas. Precisamos nos mobilizar para identificar falhas no acesso e na assistência dos serviços de saúde. Desde que iniciamos esses cursos, a capacidade de reconhecimento e ação por parte das pessoas treinadas vem aumentando significativamente”, declara Elaine Moisés, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP) e uma das coordenadoras desse projeto.

Desde o início do projeto, em 2018, já são mais de 650 ginecologistas capacitados em 17 rodadas do Curso de Emergências Obstétricas SOGESP.. Silvana Maria Quintana, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRPUSP), reforça:

“As aulas já possibilitaram mudanças e melhorias visíveis no tratamento das mulheres. Muitos dos profissionais treinados já foram capazes de atuarem no sentido de melhorar processos de atendimento, estabelecendo protocolos nos locais em que atuavam”.

Com a meta de interferir positivamente na queda dos índices de mortalidade materna, a SOGESP inclusive alinhava algumas parcerias para o treinamento de especialistas da rede pública, via secretarias estadual e municipais de saúde.

A presidente Rossana Pulcineli considera relevante colocar o curso em evidência e chamar a atenção para um problema tão urgente nos hospitais de São Paulo e do mundo. Entretanto, enfatiza que o problema ainda é bastante grave: “Já chegamos a registrar uma média de 35 de razão de morte materna nos períodos entre 2003 e 2005. Só que os índices têm subido nos últimos anos. A SOGESP tem feito sua parte, mas é imprescindível vontade política, responsabilidade e comprometimento por parte dos gestores da saúde”.

Redação

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